06 novembro 2006

UMA ESTÓRIA DO PORTO... 

Um noite destas caem brinquedos do céu, podia ser um titulo em qualquer jornal, que do sensacional vivem um pouco por todo lado. Podia ser um reforço de linguagem, uma forma de dizer como qualquer outra, porque a língua é traiçoeira, manhosa e dá para estas coisas, sabe-se lá porquê, alguém anda a enganar outros deliberadamente, talvez com intenção malévola, que isto de ditos é como se sabe, quem conta um conto, acrescenta um ponto. Podia ser tanta coisa, hoje em dia acontecem os maiores disparates e a gente já não se admira, parece andar tudo às avessas, pois. Mas é verdade, uma noite, ou tarde já nem sei, caíram do céu brinquedos no meu pátio, chego a casa e lá estão, espalhados numa vasta área, parecia quase uma tragédia, uns despedaçados, bonecas sem braços, carrinhos sem rodas, mas outros, que espanto, quase intactos, sobrevivendo a uma queda de não sei quantos metros, assim expostos às intempéries, que o tempo não está para graças, qual o meu espanto ao ver uma coisa assim, sem ter resposta, abismado com aquela oferta e sem saber o que fazer, deixa p´ra lá, admiro o espectáculo e ponho-me a pensar porquê eu que já não estou propriamente em idade de brincar, pelo menos da forma tradicional que a gente pensa, apesar de guardar bem no fundo aquela faceta de puto que não resiste a uma boa brincadeira.
Só depois de receber uma missiva do vizinho, desculpando-se da atitude de um filho mais um amigo, segundo pude constatar, descubro a verdadeira faceta da estória. Vai daí, resolvendo desfazer-se do stock de peças usadas, os putos antevendo talvez um Natal mais que próximo, decidem atirar fora tudo o que já não usam, cansados das peças desfasadas do tempo que não perdoa e faz jogar fora o que parece já não ter valor e que a sociedade dita de consumo quase obriga a jogar fora.

Assim se faz uma estória que afinal não o é, mas faz pensar, num exercício de livre devaneio. No fundo talvez neste tempo vazio, nos saiba bem abrir a mente a qualquer coisa diferente, cansados das rotinas que nos desgastam e que quantas vezes nos enchem de um tédio difícil de varrer. Preferia se calhar ficar na eterna dúvida de saber como foi possível que caíssem do céu da cidade brinquedos e sonhar, sim porque não, como tudo aquilo aconteceu. Sorri apenas...

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