30 maio 2004








"Time is on my side"(Mike Jaeger e Keith Richard, 1969)




Se eu pudera fazer uma viagem no tempo…Medir o tempo. Dominar o tempo. Filosofar sobre o tempo. E depois descer á realidade. Ver, por exemplo, os relógios do nosso imaginário. Sonhar com eles, Estar dentro deles. Saber como os artesãos antigos fabricavam os seus instrumentos.

A história da medição do Tempo é realmente cheia de surpresas e de soluções altamente criativas. A força e a vontade de todos aqueles que pensam e trabalham vale a pena ser referida como motor de desenvolvimento da humanidade, no que tem de mais belo…

Há coisas que vale a pena recordar. Num mundo onde o Tempo talvez já não faça sentido, um outro Tempo começa a guiar a nossa imaginação colectiva. "Venho do fundo do tempo, não tenho tempo a perder, minha barca aparelhada, solta o pano rumo ao norte, meu desejo é passaporte, para a fronteira fechada", dizia António Gedeão em 1972, num tempo difícil para todos e de grandes transformações já anunciadas. Da mesma foram, há 30 anos atrás, falava Ivan Lins, "No novo tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos…",

>Há coisas que vale a pena lembrar. O interessante é que todos os dispositivos criados pelo homem tentam medir uma abstracção: o Tempo. Depois da Teoria da Relatividade de Einstein é válido perguntar: medida de qual tempo? O facto é que, queiramos ou não, a humanidade acabou por orientar as suas actividades de acordo com o relógio... e o relógio tornou-se um dispositivo indispensável.

Há coisas que vale a pena dizer. Desde o Século III em que surgem referências aos primeiros relógios de areia, passando pelo Século VIII em que Hang, astrônomo chinês, constrói uma clepsidra mecânica que indicava o movimento dos astros, indo até ao Século IX, quando Alfredo o Grande usava velas para medir o tempo e pelo Século XVI, quando os portugueses introduziram no Japão os relógios mecânicos e, chegando ao Século XIX quando se inicia o uso dos relógios de pulso. E mais, muito mais, até aos dias de hoje, onde os artífices do tempo usam a sua imaginação e a sua arte para nos brindar com objectos fantásticos que nos enchem a vista. Por exemplo, o mais recente, um relógio atómico que usa átomos de césio tem uma precisão de um segundo em 15 milhões de anos!

Tudo isto a propósito de uma Exposição que tive o privilégio de ajudar a construir. Que apresenta e representa a vontade e o esforço de pessoas que gostam desta arte. Que será uma homenagem a todos os trabalhadores que passaram por uma empresa centenária, que é o orgulho das gentes de Famalicão. Ela própria, um símbolo da cidade e da região. Ela que passou por dificuldades várias, que se ergue agora de novo, com a vontade e o trabalho de um pequeno grupo de sonhadores, nos quais me incluo com muita honra.
Uma Empresa é sempre (ou deveria ser…) o fruto de vontades individuais e de sinergias colectivas de ordens diversas que projecta na sociedade o melhor da arte, da ciência, da técnica e da força do trabalho. Que se insere na Comunidade e na Região. Que se afirma em parcerias com instituições variadas. Que aposta na qualificação dos seus trabalhadores e na formação profissional. Que aposta ainda na criatividade e na inovação. Que tenta sempre fazer melhor. Este é o modelo que pretendemos.

Há coisas que vale a pena ver! Ver esta EXPOSIÇÂO, é certamente uma delas
. (a)

(a) Exposição: "A BÔA REGULADORA: uma Viagem no TEMPO". Vila Nova de Famalicão, de 5 de Junho até 30 de Setembro: Rua Adriano Pinto Basto (antiga Casa Malheiro), nº 59. Mesmo no centro da Cidade. Aberta á semana, das 11:00 às 19:00 horas; aos Sábados, das 15:00 ás às 19:00 horas; aos Domingos, das 11:00 às 14:00 horas.

03 maio 2004





A FORÇA de MAIO






É a força de quem trabalha. Evocar o 1º de Maio, é também saudar Abril. O Zeca Afonso dizia: "Venham ver, Maio nasceu, que a voz não te esmoreça, a turba rompeu".
Cantar MAIO é lembrar a força que está dentro de nós; para lutar, para vencer; mas, que força é essa?
Vejam só, escrito há mais de 30 anos e sempre, sempre actual:

"Vi-te a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades pr'ós outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa, que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo, que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes
"

Sérgio Godinho

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