10 setembro 2006

CAMINHANDO E CANTANDO... 

Ao ver o ouvir certas coisas de notícia feita nem sei bem o que pensar. Sei (aprendi a saber...) que no mundo da chamada comunicação global o que é noticia hoje é determinado pelas regras do mercado (também global) e que raras são as vezes que escapa aquilo que não convém ser notícia. Pasma-se pois (depois) de assistir à estória alternativa do 11 de Setembro, exibida na RTP na noite do dia 8. Não sei mesmo o que pensar, nem consigo atingir como é possível guardar tanto tempo peças e documentos daquele teor, nem a quem realmente convém tal facto. O tempo guarda a memória das vítimas que nunca teriam sequer equacionado que o seu sofrimento serviria para a mais vil exploração mediática de que há memoria (se é que ainda há disso...). Está portanto para se perceber, ao que parece, como foi possível dois edifícios de cento e tal andares desabarem daquela maneira; fica-se a saber também que o atentado contra o Pentágono não passou de um flop (porque será que não me espantei?). Lembro-me do Geraldo Vandré(1), que cantava:

"Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer
"

Vamos pois caminhando e cantando e seguindo a canção, já que não temos forma de entender os complicados meandros do que vai acontecendo na republica global em que pelos vistos estamos englobados, enformados (isso, enformados e não informados...).

Também se discute (???) como ficou o Mundo depois do 11 de Setembro de 2001; quem lembra ainda um tal 11 de Setembro, mas de 1973, o assassinato de Salvador Allende durante o golpe de estado que instituiu o regime militar de Pinochet no Chile, com o apoio completo da CIA? Como ficou então o Chile? Quantos mais onzes de Setembro será preciso para acordar uma consciência global de rejeição à máquina opressora dos poderes instituídos, dos fundamentalismos intoleráveis, do miserabilismo seguidista da comunicação social?

A realidade entretanto está aí, Líbano, Afeganistão, Iraque, ..., sempre com os mesmos intervenientes, com os mesmo interesses e sempre, sempre à custa de centenas, milhares de mortos; essa realidade existe e não pode ser alterada por qualquer televisão. Ou pode?

"...Somos todos soldados armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a historia na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
".

Isto para não dizer que não falei de flores...


(1) "P'ra não dizer que não falei de flores", poema para canção de Geraldo Vandré> escrita em 1968, que venceu um Festival Internacional e logo depois proibida pela ditadura militar de Costa e Silva, Brasil

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