07 março 2008




Para uma princesa desconhecida





Dela fez Sophia um retrato para uma princesa desconhecida. Para que ela fosse aquela perfeição. Numa sociedade longe de ser perfeita apela-se á igualdade de género, de mãos dadas com os perigos, enquanto outros vão à sombra dos abrigos. Nunca desiste, muitas vezes em si fechada, com alguns muros e paredes que não se vêm, a indiferença que magoa, a hostilidade que choca, muitas consciências pequenas que não querem ver o crescer do mar, nem o mudar das luas. Dela recordo o carinho e a ternura que são a cor dos dias, torrente de força, de paz, de liberdade. Podia ser agora apenas um sonho lindo quase acabado. Mas no real é a luta, sempre a luta, a vida, sempre a mesma vida, a esperança, sempre adiada. A presença suave dos dias, subindo a calçada. Sabes minha irmã que quero mudar o mundo? Para haver mais Sophias. E porque os outros se mascaram mas tu não. Porque os outros se calam mas tu não. A princesa desconhecida és tu também!

Fontes:
Sophia de Mello Breyner Andresen:
o “Mar Novo”, 1958.
o “Tempo Dividido”, , 1954.

Fausto Bordalo Dias:
o "Por este Rio acima", 1982

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