15 maio 2008


Mas tive o Diabo na mão...


Do lado de lá da indiferença há mil e uma formas que coexistem. Do lado de cá da esperança sonhamos ainda. Exigimos o impossível e porque não? No meio de tanta hipocrisia, vamos “caminhando e cantando e seguindo a canção” e a luta continua como em Maio de 68. Vale sempre a pena pensar que ainda vale a pena. Era um Maio em que tudo parecia possível, mesmo o impossível, cantávamos ainda em silêncio, mas a cantiga era uma arma. Alguns de nós exilados, com aquela esperança, mas ainda no lado escuro de uma Lua que esperaria um ano para ser vista na televisão a preto e branco. E era a preto e branco que tudo se passava cá dentro, sonhando as cores de uma primavera distante. Os baby boomers, a quem não é suposto futuro nenhum, continuam hoje a chatear as consciências conservadoras, afirmando como em 68 “não me libertem, eu encarrego-me disso…” e se calhar ainda “quanto mais faço amor, mais vontade tenho de fazer a Revolução, quanto mais faço a Revolução, mais vontade tenho de fazer amor…”. Ao som eterno do Zeca recordo que “… tive o Diabo na mão”, sabe-se lá por onde anda agora. A ironia máxima de continuarmos a saber o que não queremos é a expressão do inconformismo que suporta uma intervenção de cidadania. Se é ou não suficiente nunca o saberemos, se há uma fronteira entre a radicalidade e o equilíbrio, bolas para o bom-senso, venha de lá outro Maio o mais depressa possível, 40 anos já é tempo demais, a gente sabe-o bem, não é?


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