23 setembro 2012
o morto já está morto, de qualquer forma… ”
Do Livro dos Conselhos
Bastou a declaração
do conselho de estado para o partido socialista mudar de posição. Seguro veio
hoje à pressa dizer que afinal não há razão para censuras, uma vez que o
governo havia mudado de posição. Não sei o que irrita mais, se a incompetência
e a estupidez do governo que vamos (ainda) tendo, se as posições deste homem
que de seguro só mesmo tem o nome. Este partido, esta direcção insegura, não
tem uma única medida alternativa que se preze, indo de forma desastrada sempre
atrás e a reboque dos acontecimentos. Ao fim e ao cabo, salvaguardadas as
tradicionais distâncias (ideológicas?), o mesmo que a direita, os mesmos
pactos, as mesmas citações idiotas e vazias do “sentido de estado”, da “estabilidade”,
do “interesse nacional”. Ao fim e ao
cabo, com toda a propriedade, pois ajudaram a criar a situação, por um lado com
políticas de austeridade cega e de favorecimento ao capital e, por outro lado,
porque ajudaram a consolidar um aparelho de estado dividido com a direita, de
interesses, lobies e partilha de lugares. O partido socialista, com esta
atitude não pode nunca fazer parte da solução, porque faz parte do problema. O
que virá a seguir, será muito provavelmente um passo atrás, ajudando a
viabilizar o orçamento de estado e voltando à defesa de um “pacto social” contra os trabalhadores,
arrastando a “sua” central UGT para o
pântano. Como sempre, para variar.
Pois que então é só a
TSU que conta? E os cortes brutais na função pública? E os cortes criminosos
nos pensionistas e reformados? E as sucessivas medidas contra o trabalho e os
direitos dos trabalhadores? Onde estão as alternativas deste partido do
compromisso e da situação? Nada de nada, sempre navegação à vista, sempre a
mesma atitude de conluio, sempre as mesmas posições de conciliação. Então não é
verdade que este governo ultrapassou todos os limites possíveis do razoável, ao
ser derrotado na rua? E, se bem virmos, não só na rua, como ainda no seu
interior, dado que esta coligação nem sequer se aguenta, e até precisa de uma comissão de apoio dos partidos que a
suportam. E que, pelos vistos, não se suportam…
Bem pode a presidente
do PS tentar explicar o inexplicável: diz Maria de Belém que “O país precisa de se concentrar naquilo que
tem a fazer e para isso é tão importante o papel do Governo como o da oposição”
(1) . Como quase tudo que os dirigentes do PS dizem é oco e vazio e tem (pelo
menos) duas interpretações possíveis, arrisco uma delas: o país preciso deste
governo e deste PS. Nada de mais enganador: não precisa nem de um, nem do
outro…
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(1)
Jornal “Público”,
23 Setembro 2012