24 abril 2013

25 ABRIL NA RUA

Mesmo que o povo saia a rua num dia assim, o assombramento do país continuará e poucos serão os que se lembrem da palavra Revolução. Ao contrário dos situacionistas, que acreditam piamente que o estado sempre lhe dará alguma benesse, qualquer coisa que sirva para que continuem a alimentar e serem alimentados. Uma gamela que aos poucos vai ficando mais exígua, mas que em tempos difíceis é uma espécie de tábua de salvação. As portas abertas por Abril, que o Ary falava, estão dia a dia a ser fechadas e há que abri-las de novo para que o sol inunde as praças e avenida. O direito a ser feliz é também uma das conquistas de Abril. Agora há um tempo de solidão e de silêncio. As pessoas, ou melhor aquelas que vivem do seu trabalho, estão tremendamente deprimidas, um fenómeno de galopante incerteza, perante o bombardeio de informação negativa e que induz uma auto culpabilização. Uma campanha insidiosa de uma comunicação social vendida ao capital e que vai desempenhando o seu papel de flagelação permanente. E há quem se deixe vencer pelo medo. Pelos medos, de perder o emprego mesmo que precário, de perder o parco subsídio, de não ter dinheiro para pagar a casa, para comprar alimentos, para ir á consulta, tanto medo… Um País que sofre uma agressão nunca vista, sequestrado pela finança, que alguns chamam ajuda externa. É que se assim não for, cedo acabará o dinheiro para pagar salários e pensões, a mais terrível mentira, perpetrada pelo poder instituído e que já deveria ter sido… destituído. Haverá alguma consideração possível para com esta gente que quer – e está – a destruir o sonho, a liberdade e a alegria. Nem isso, nem sequer respeito, a vossa mediocridade é assustadora, nem imagino o destino que vos espera.


Haverá saída para isto? Uma resposta que saberemos encontrar na medida possível do desespero. Entretanto, enquanto há força, Levanta o braço/Faz dele uma barra/Seremos muitos/Seremos alguém. E, Na cidade/Sem muros nem ameias/Toma o fruto da terra/É teu a ti o deves
lança o teu desafio
(a). Abril, apesar de tudo está aí mesmo à mão. O encontro com a esperança, um desenlace fatal. Poderá ser o encontro para todos os desencontros…
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(a) referências aos poemas do Zeca Afonso, “Enquanto há Força”(1978) e “Utopia”(1983)

 

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