28 abril 2014
25 ABRIL 2014
Ao rigor do tempo serão 40 anos.
Parece entretanto que foi ontem, pelo sentimento
que colocamos, tanta coisa em jogo naquele tempo, onde o tempo apenas parecia
contar para uma festa de sentimentos, esperança e desejo de um País melhor,
livre da tutela dos senhores do dinheiro e da exploração.
A festa que o Chico dizia ser bonita pá.
Ganhava valor o trabalho, o capital olhava para o
lado, esperando melhores dias em que pudesse voltar a tomar as rédeas.
Viemos de longe para aqui chegar, sonhando que a
luta seria o sustentáculo dos direitos que pareciam ganhar terreno. Mas a luta
ainda estava para vir.
Hoje, dia
25 de Abril, longe da pátria, mas entre irmãos de luta que falam a mesmo
língua, apenas sou capaz de sentir a saudade que a Cesária falou: sôdade.
Percorro o meu País. Em vez de pessoas com alegria
de viver, deparo com “Gente que hoje anda
/ Falando de lado /E olhando pro chão, viu”. E sei que, como bem diz o
Chico, “Apesar de você/Amanhã há de
ser/Outro dia” e que
“Quando chegar o momento/Esse meu sofrimento/Vou cobrar com juros, juro”.
“Quando chegar o momento/Esse meu sofrimento/Vou cobrar com juros, juro”.
As voltas com a injustiça e a ignominia que
campeiam, lembro o Adriano exortando o Tejo,
“Lava bancos e empresas /dos
comedores de dinheiro / que dos salários de tristeza /arrecadam lucro inteiro /
Lava palácios vivendas /casebres bairros da lata / leva negócios e rendas /que
a uns farta e a outros mata”
Mas sei que quero a mudança. Porque já Luís de
Camões a dizia: “Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades / Muda-se o ser, muda-se a confiança / Todo o mundo é composto de
mudança / Tomando sempre novas qualidades”.
Mas também
sei que não quero a mudança que um punhado de gente sem escrúpulos escreve, com
letras de fome e de pobreza. Essa a novidade que eles fizeram. E que Camões
também avisou: “Continuamente vemos novidades / Diferentes em tudo da
esperança / Do mal ficam as mágoas na lembrança / E do bem, se algum houve, as
saudades”
Neste dia recordo, como seria de esperar, o Zeca Afonso. “A velha história ainda mal começa /Agora
esta voltando ao que era dantes / Mas se há um camarada à tua espera / Não
faltes ao encontro sê constante”.
25 de Abril sempre!