27 outubro 2014
E você, sabe mesmo o
que é o stress?
A gente pensava saber
o que o termo diz e supõe. Até ao momento em que nos informaram que os mercados
(aqueles) ficavam, de vez em quando nervosos, sempre que havia uma mijadela
qualquer de um animal destreinado, ou descontrolado. Fosse lá o animal quem
fosse, desde a vulgar besta de carga, até um ministro liberal, aliás agora,
neoliberal. Mas havia de haver mais, para nosso desconforto (ou não). Agora parece
ser os bancos, não os de jardim, mas os outros que se alimentam do nosso dinheiro,
que passam a estar sujeitos a testes de stress. Uma breve, mas profícua, pesquisa encontramos,
no Dicionário da Porto Editora, o significado do termo: “conjunto de perturbações psíquicas e fisiológicas, provocadas por
agentes diversos, que prejudicam ou impedem a realização normal do trabalho; tensão,
pressão”. E ficamos felizes, porque (concluímos) que os ditos (bancos) se
estão humanizando (assim, á brasileira, fica melhor), através da aquisição de
competências dignas do humano, tais com as psíquicas
e fisiológicas. Uma forma de estar que os aproxima de nós. Nem que tal
tenha a ver com a circunstância, nada despicienda, de tal aproximação ter como
consequência a melhor “extracção” de capital, motivada pelos tempos que correm,
em que como se sabe, fica bem “desviar” capitais de um lado para o outro, de
modo a permitir que os tais 1% vivam de facto com a abundância digna de
senhores, que o são, pelo simples facto de o terem que ser. Até aqui, nada de especial,
nada de novo. De estranhar era ser o contrário, hipótese nada usual e que a ser
verdadeira significaria uma inversão completa de valores, o que não se ajusta
de todo aos tempos que correm. Concluímos ainda que quando os bancos entram em
stress, não devem ser atormentados com outras preocupações, porque podem
simplesmente dar-lhes assim uma coisinha má e colapsarem. E, ao colapsar, podem
arrastar atrás de si (ou à frente de si?) toda uma série de coisinhas más. Para
nós, claro. Porque, e aqui reside a diferença fundamental ao humano ser, quando
colapasam, nós é que temos o remédio santo para resolver a coisa: mais
dinheiro. Chegada a coisa a estes termos, pergunta-se: vale a pena colapsar? Resposta
mais que evidente, também ao contrário do humano ser que pode mesmo ir desta
para melhor (ou pior, conforme a crença): sim, vale a pena. Conhecidos e
detectados já alguns exemplos, no nosso País, confirmam a sentença. Um há até
que passou a ser “bom” e “novo”, depois de lhe ter dado a tal coisinha má, que
poderá até ser boa, conforme a crença, cuja neste caso vertente, tem a ver com
a chamada supervisão, que é uma coisa complicada e que não vou abordar nesta
redacção, por falta de linhas.
Qualquer visão,
porventura catastrofista, que pretenda associar este fenómeno a um novo ataque
à população mais desfavorecida, será então pura maledicência. Até porque,
distintas figuras públicas se apressam a dizer que podemos todo ficar
tranquilos. E quando essa (e outras) figuras falam, devemos ouvi-las, porque
estão sempre a defender os superiores interesses da nação, acima de interesses
partidários. Mesmo que essas figuras, que alguns dizem ser tristes, pertençam
aos tais partidos, podendo parecer estranho que, se pertencem aos ditos, não
defendam os interesses daqueles. Mas, tal como o outro assunto, é por demais
complicado me propor abordá-lo. Bem vistas as coisas, eles cuidam bem de nós,
para que havemos de querer perceber tudo e mais alguma coisa, em vez de trabalhar
para pagar impostos, a bem da nação? E sabemos finalmente que se trabalharmos
bem e denunciarmos aqueles que o não querem fazer, e que estão sempre no
contra, podemos ter acesso a uma prendinha, mesmo não sabendo quando nem como. Explicado assim, porque as coisas devem ser claras, podemos antever um risonho futuro para todos nós, caso cuidemos bem, tratando bem, depositando bem, transmitindo assim ao “nosso” banco a calma necessária para o stress não se manifeste. Porque, repito, caso ele se manifeste mesmo, quem paga somos mesmo nós. E, atenção, caso saibamos de algum que esteja a ser submetido a um teste (de stress), rezemos por ele a nossa senhora, para que nada de mal lhe aconteça e que regresse, são e salvo, ao nosso terno convívio, para bem de todos nós.
Se entretanto não ficaram convencidos com a minha redacção, descansem que eu também não…