20 junho 2016

A DIMENSÃO












"A desvalorização do mundo humano 
cresce na razão directa da valorização
do mundo das coisas"

Karl Marx




A estátua e o homem. O exagero não estará porventura na dimensão do órgão, mas poderá residir no facto em si, atribuindo uma messiânica função a quem não tem, lá está, a dimensão suficiente. Pondo de lado o órgão, claro. O que se vê em campo, pela tal selecção a quem alguns querem atribuir a dimensão nacional e uma representatividade que ultrapassaria a nação e se projectaria na tal globalidade europeia ou mesmo mundial, não fora a traição dos resultados, pese sempre a postura em campo, que se diz digna, superior e de bom recorte técnico. Brinca-se hoje com o poste, fosse ele a origem de todo o mal, a angústia do penalti aqui em toda a sua (imaginem!) dimensão. Aquele que era, pelos vistos, um desígnio, legitimamente configurado para a vitória total, voa agora baixinho rasteiro, ao nível do gramado, que de tão sintético se torna verdadeiro. O homem que se diz o melhor do mundo e possivelmente arredores, é realmente soberbo na linguagem gestual que ostenta a cada jogada, a cada paragem de jogo, para as câmaras, para a ribalta que o lançou como um produto acabado do consumismo e da mais patética e promíscua socialite, uma dimensão que nos ultrapassa e terá quiçá compreensão ao nível do etéreo, nunca lá chegaremos, nem a tal aspiramos, de simples mortais que somos, sem direito a estátua, nem a tamanha dimensão. Se acreditarmos no jargão popular, esse sim ao nível do comum dos mortais, “quanto mais se sobe, maior é a queda”, decerto que já não queremos subir a tal dimensão, donde excluímos naturalmente o órgão, sobretudo aqueles que o podem ter.

Por alguma razão ao ouvir hoje a estação de rádio TSF conceder 25 minutos a uma conferência de imprensa de um jogador, a quem colocaram as questões mais parvas e contudo profundas, retorquindo o dito (jogador) com o mais redondo discurso, embora revelador, senti o verdadeiro significado da dimensão. E ainda, o verdadeiro sentido da essência, numa angélica busca interior da maior dimensão. Conclui, imaginem, que basta marcar um golo ao adversário e não sofrer nenhum, para seguir em frente.
Seja lá para onde for…


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