24 julho 2018

ADORMECENDO DEVAGAR E ACUMULANDO O ERRO


Sucedem-se posições, mais ou menos públicas, sobre a questão das reivindicações dos professores do Ensino Básico e Secundário, com a costumeira caterva de declarações, vindas dos mais diversos quadrantes, praticando sempre o erro de análise e, na maior parte das situações, distorcendo a realidade, por deficiência ou simples ausência de dados para produzir um comentário correcto. 
Claro que é perfeitamente irrelevante, para esta polémica, a análise da progressão na carreira e das formas que ela pode (deve ou dia) configurar. É uma situação profissional típica de um sector, para o qual foram, em tempo, definidas regras específicas e determinadas. Que são diferentes, por exemplo, dos colegas do Ensino Superior, também com regras definidas e reconfiguradas posteriormente no tempo. Discutir isto, ou seja, analisar cada uma das situações, de cada um dos sectores, requer um conhecimento profundo das carreiras e dos mecanismos de progressão, naturalmente associado aos mecanismos de avaliação (a cada um deles) previstos, acordados ou não entre as organizações sindicais e o/s governo/s. E, finalmente, ao conhecimento da Leis de Bases do Sistema Educativo e das suas sucessivas alterações. Provavelmente haverá uma meia dúzia de pessoas no País, especialistas com conhecimento suficiente e actualizado, para poderem manifestar-se sobre a matéria (ou, as matérias). Uma parte restrita, na qual me incluo, possuiu alguma informação específica, que pode passar, por exemplo, sobre a natureza jurídico-legal da definição das carreiras, pela informação técnica sobre mecanismos de avaliação, pelo exercício concreto da profissão (pelo menos) nos dois sectores, ou num deles. Uma outra parte, reside nos profissionais no activo, quer no sector da Educação, que no sector do Ensino Superior; esta parte, possuiu alto nível de informação sobre o seu sector, sobre as dificuldades ou facilidades em exercer o cargo, sobre o sentido da sua própria carreira. Finalmente, a maioria da população desconhece quase completamente o que se passa, num ou no outro sector, e opina pela voz indirecta dos comentadores que abundam na chamada comunicação social e que raramente se dá ao trabalho de ler, ouvir e interpretar o que está em causa. Desconhecem os verdadeiros contornos das situações que reporto, preocupando-se em posicionar-se conforme os ventos, a saber de onde sopram, que quase sempre é do mesmo lado. Mas sempre e de uma forma definitiva, contra os profissionais, que durante anos e anos constroem a sua carreira, sendo recompensados com salários pouco dignificantes, mas sempre e mais, com exigências de cariz administrativo das tutelas e, ao que parece, com pouco respeito pelos 2 sectores porventura mais importantes para um país, a Educação e o Ensino Superior, uma vez que determinam (ou deviam determinar) a excelência e o orgulho de uma comunidade.

Um outro sinal que sempre é dado nestes momentos é o do ataque cerrado às organizações sindicais, equiparadas por vezes a autênticos “sindicatos do crime”, chefiados por “execráveis comunistas”, filiados ou não, sinistras figuras de um palco, ocupado ao que consta por profissionais da agitação permanente e que não trabalham há não sei quantos anos. Até parece que, em certa medida (esta precisamente) voltamos quarenta e tal anos atrás e estaríamos a ouvir um qualquer zeloso salazarista ou marcelista.
Para cúmulo e esta será talvez a mais grave das situações de exercício de análise, é ver professores contra professores, atirando à cara uns dos outros, “a nossa carreira é que é avaliada como deve ser...”, ou “...vocês não querem é ser avaliados”, configurando uma forma enviesada e distorcida de estar, um pouco estranha a quem é professor, educador ou investigador.  Aqui, há infelizmente exemplos variados, que vão desde a Escola, à Universidade, passando por muitos responsáveis (...) que ocupam cargos na administração central e local, secretarias de estado e Ministério.
O que fica (quase sempre) no meio desta confusão, e que não acontece por acaso, apenas sendo uma forma estranha de fazer política, é o que falta analisar e discutir. O investimento na Educação e no Ensino Superior vale ou não a pena? Quanto custa e quanto rende ao nosso País? Divulgar as situações de excelência nos dois sectores e saber que a valorização das pessoas (normalmente designadas de “recursos humanos”) é (devia ser) a primeira das apostas de um Estado. E já agora, um Estado que defenda os seus trabalhadores, aquelas e aqueles que, por exemplo, são obrigados a gozar férias apenas num mês durante o ano, sem hipótese de escolha, aquelas e aqueles (no caso concreto dos professores) que educam e formam as novas gerações de cidadãos. Muitos, delas e deles, que têm que estar sempre em forma, atentos e prontos, durante 50 minutos seguidos (pelo menos), disponíveis para as crianças, para os jovens, adolescentes e adultos, para os pais e encarregados de educação e para gerir, quantas e quantas vezes, conflitos inesperados. 
Se os responsáveis de qualquer governo pensassem em tudo o que deviam pensar para dignificar uma “profissão” que é muito mais do que isso, nem hesitariam se fossem colocados num qualquer dilema, “...mas afinal, acabo esta auto-estrada ou atendo aos professores?”, ou “...mas afinal, salvo aquele banco, ou aumento o vencimento...?”
Há momentos em que deve imperar o bom-senso, uma asserção que fica sempre bem, sobretudo na perspectiva da honestidade intelectual. O argumento de que já se fez muito por este ou aquele sector, apenas significa que poderia ter sido feito mais. Apenas isso. Uma vez que se sabe que os ditos constrangimentos orçamentais devem ser o guia orientador, na ideia (errada) de quem, em vez de governar, segue as ordens de um directório que nem sequer “existe”.  

E, voltando ao bom-senso, ainda bem que quem governa neste momento está bem acompanhado (as palavras, como bem se sabe, são de quem as proferiu...). 
É, estou certo disso, um pequeno conforto. Um sinal para (não) adormecer devagar e para tentar não cometer (ou não deixar cometer) sempre o mesmo erro.

01 julho 2018




Quando eu era pequenino
Quando eu era pequenino
Acabado de nascer..”

Acabado de nascer (há pouco mais de 1/2 hora, há “somente”, 44 anos) e já com este aspecto muito prometedor!
Cidadão português, responsável, Professor, Atleta, corredor de fundo, e outras coisas.

Conhecido como João, como Pedro, para mim João Pedro, acima de tudo, Filho muito querido!

Ainda mal abria os olhos
Já era para te ver....”

https://www.youtube.com/watch?v=-4NpA_0JwrM



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