30 dezembro 2023
O terror do fim do ano
Vem na vertigem, ufano
Vai e volta qualquer dia
E não pensa na Poesia.
Seja ao calor ou ao frio
Não muda o curso do rio.
Pega o touro pelos cornos
Mas instiga discursos mornos,
Não sabe tomar partido
E prefere o sonso contido.
Que se dane o fim do ano
A questão é que no quotidiano
Empurramos a aventura p´ra mais além
Talvez p’ró ano que vem.
Partimos a esperança a meio
Tal como um pão de centeio
Miramos de longe o objecto
E (alegremente) assobiamos p´ró tecto.
Há quem queda insatisfeito
O sistema não é perfeito
Premeia quem nada faz
E olvida quem está cá atrás.
Quem vier antes que abra a porta
Faz rima, mas é letra morta.
Venha então a porra do espumante
E a estúpida passa, adiante...
No mural lá para o Leste
Diz-se “o país está muito feliz”
Vamos ver se aqui neste
É como o mural diz.
Lúcio Lima, 31 Dezembro 2023