05 fevereiro 2024

SOBRE A CAPACIDADE DE APRENDIZAGEM

 

Não se pode (nem deve) pedir a uma pessoa mais do que ela é capaz. Aprender sempre foi um desejo, uma vontade, aprender sempre mais um pouco, aprender todos os dias. Com os outros e consigo. A conhecida asserção “Aprendizagem ao Longo da Vida, está fortemente conotada, no Ocidente e particularmente na Europa, com a visão do Livro Branco da União Europeia “Aprender e ensinar: rumo à sociedade cognitiva” e dá um especial ênfase às aprendizagens, ao acesso à aquisição de competências e ao conhecimento, enquanto factores determinantes da adaptação à globalização das economias, às mudanças tecnológicas e sociais. E tem associada uma prática centrada na adaptação às mudanças nas organizações, e, naturalmente na identificação de soluções para os pontos fracos e os obstáculos da organização.

Mas a ideia, o conceito está lá e possivelmente terá expressão, em termos educacionais e sociais, na chamada “Educação Contínua”. Na verdade, é de uso corrente a expressão "nunca é tarde para se aprender", uma filosofia popular, própria de quem nunca desiste de saber mais um pouco e de aprender com a Vida.

 

Todavia, há pessoas que não sabem aprender. Ou que não querem aprender. Poderão ser situações diversas, pode dar-se o caso de a pessoa até saber, no sentido de ter possibilidade de, mas na prática não querer, ou por não lhe convém, ou porque está limitado, na sua capacidade de aprender, por teias imensas de interesses ou concluios. É o caso do Ministro Cravinho, um caso sério de “limitação intelectual”. Este senhor, que pessoalmente conheço, vem desde há algum tempo, a disparatar completa e cegamente na sua função, não se percebendo muito bem por que razão é (ainda) Ministro. Porventura, nem ele saberá, dado o acumular de declarações desajustadas, para ser muito brando na classificação. A sua declaração de hoje, ao partir para mais um acto de vassalagem à Ucrânia, muito simplesmente quando diz “Nada mudou” é uma manifestação de "impotência intelectual", de tal modo avassaladora, no que significa a sua incapacidade para aprender. 

Nada mudou? Pois, fique sabendo que é exactamente o contrário, tudo mudou. Mudou o contexto, mudaram as condições, mudou o cenário. Até mudou a atitude dos que entusiasticamente se lançaram contra Putin e depois acabaram por “acordar”, quando descobriram que a questão não era exactamente um problema pessoal, porventura do tal diabo à solta que anda por aí e que (sustentaram) queria invadir a Europa toda. E acordaram quando viram as consequências da russofobia, nos vergonhosos episódios de cancelamento, cultural, desportivo e social. E nos resultados das estúpidas sanções, que se voltaram contra os cidadãos, particularmente contra os trabalhadores europeus.

 

Em que mundo vive João Gomes Cravinho? Parece que só tem na cabeça a narrativa da posição norte-americana, da NATO e uma adesão canina aos interesses bélicos do armamentismo e do imperialismo. Não é capaz de “descolar”, para ele a situação é a mesma de antes do início da guerra e nem vale a pena situar a data de início, por que tal seria de facto pedir muito. Nem a própria UE tem essa visão. Aliás, mesmo sem ter nenhuma, por óbvias razões, só mesmo quem não queira ver coisa alguma, para além da propaganda enganosa que diz, “defender a Ucrânia é defender os valores e o nosso modo de vida”. O senhor Cravinho, que andará em estado de hibernação permanente, não percebe, por exemplo, o fiasco completo da chamada contra-ofensiva, que, para além de nunca se ter verificado, se converteu no mais rotundo fracasso, que nem o armamento de topo que ia resolver todos os problemas, sequer teve algum êxito. E estão neste caso, os tanques, as bombas de fragmentação, os drones, os F16, etc...

 

E claro que não é capaz de perceber que toda a encenação mediática de um governo corrupto, que não admite oposição, nem partidos, nem sindicatos, governado por um fantoche patrocinado pelos EUA, significa na prática o verdadeiro terror para os seus concidadãos, o desespero e a morte de milhares de militares mal-preparados e de civis inocentes. O despejar de toneladas de dinheiro que, sem qualquer espécie de controle, nem sequer se sabe para onde vai é um insulto constante e permanente a quem sofre as consequências da “guerra de encomenda” que é, no fundo, esta.

 

Para este senhor, apoiar a Ucrânia é apoiar e instigar a guerra. Nunca se ouviu Cravinho a falar de Paz. Ou sequer de um possível entendimento, tenha ele o significado que lhe quiserem dar. No mínimo, um pequeno esforço, um pequeno passo, no sentido de impedir a destruição completa de um País, que merece bem melhor que os dirigentes que tem e que os “apoiantes” de ocasião. À sua volta (dele) a UE desaba e ele nem dá conta disso. O seu “pensamento” está completamente bloqueado e sujeito, quero dizer, subjugado. É uma espécie de mensageiro dos EUA e da Guerra. Não é capaz de ser “assaltado” por uma singela dúvida, mas porque é que estou a fazer isto? E, em nome de quem? Será preciso lembrar-lhe a posição que decidiu tomar, em 2021, no caso dos diamantes em que estiveram envolvidos militares portugueses em missão na República Centro-Africana, onde, segundo ele, “não era vislumbrável” a escala e a natureza dos crimes e já conduziu à abertura de uma nova investigação?  

 

Caso a capacidade de aprendizagem de Cravinho fosse real e tivesse algum significado, alguma coisa, pelo menos para ele, deveria ter percebido que, quase há um ano, o insuspeito Financial Times revelou o “conselho” do Secretário de Defesa Lloyd Austin, ao afirmar que havia “uma janela de tempo reduzida para ajudar os ucranianos a preparar uma ofensiva." Foi em Fevereiro de 2023, senhor Cravinho. Deve andar mesmo muito distraído, mesmo até do que vão pensando os seus amigos norte-americanos...

 

O pior cego é mesmo o que não quer ver, diz o povo. 
Então “nada mudou”???

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