14 abril 2024

ABSTENÇÃO FATAL

 

A prova provada da negação existencial.

A líder parlamentar Alexandra Leitão afirma: “O PS, através do seu secretário-geral, já tinha dito que nesta primeira fase não iria bloquear o início de funções do Governo e portanto irá viabilizar o Programa do Governo, abstendo-se nas moções de rejeição",

O Partido Socialista abstém-se depois de criticar "violentamente" o programa do Governo. 

O Partido Socialista abstém-se e vai ”deixar trabalhar” o Governo da Direita.

O Partido Socialista vota, na prática, contra a Esquerda que, muito naturalmente, não pode deixar passar medidas prejudiciais, em alguns casos fatais, aos trabalhadores.

Pedro Nuno Santos (PNS) dá a machadada final na maioria dos eleitores que nele confiaram um voto, quer de convicção, quer de "crença" de que o PS defendesse os seus legítimos interesses.

PNS iludiu alguma Esquerda, provavelmente convencida que desta vez é que ia ser.

Ao abster-se, PNS deu a entender que, não só daria a mão a Montenegro, como ainda caucionaria medidas, ainda que avulsas, do governo da Direita.

Ao abster-se, PNS violenta toda a Esquerda. É uma traição à Esquerda.  É, mais uma vez, a traição aos trabalhadores.

Que será que PNS vê de positivo neste Governo? Provavelmente a continuidade das políticas vergonhosas de submissão à NATO e à UE, protagonizadas por Cravinho e que vão ser continuadas por Rangel? A obsessão com a "defesa", cujas verbas superaram as da Habitação, em 2023? 

Se assim for, vai muito bem este PS...

Quando precisávamos de um não rotundo à Direita, temos um "nim", que aliás é uma das "virtudes" do PS.

Mas PNS veio dizer que as medidas do Governo relativas aos impostos são “um choque de desfaçatez e de embuste”. Então em que ficamos?

O PS desirmanou-se da Esquerda e continua a caucionar a agenda neoliberal e fica agora amarrado à Direita. 

O PS não sabe o que fazer e, como não sabe, acaba preso à sua própria retórica que lhe valeu a perda de 40 deputados e uma quebra percentual de 14%.

Para onde vai este PS???


 O PARTIDO SOCIALISTA É A MULETA DA DIREITA

O Partido Socialista prepara-se para “deixar passar” o programa de governo da Direita. Aliás, essa atitude é por aquela interpretada como um “apoio” ao seu programa. Ou seja, se não vota contra é porque nos apoia. Muito bem.

Que razões podem levar o PS para tomar esta atitude, quando até o seu Secretário-Geral zurze de cima a baixo (e bem) no dito programa?

O que fica no final são as palavras de Pedo Nuno Santos (PNS) e que constam da última parte da sua primeira intervenção, logo após a apresentação feita por Luís Montenegro (LM): pode contar connosco para defender o estado social, pode contar connosco para defender a europa e pode contar também connosco nas questões da defesa. 

Mais ou menos isto.

Já agora, parece que a abstenção do PS, admite e cauciona as propostas de política fiscal vergonhosas e desastrosas do PPD/PSD-CDS, que quer baixar impostos às fortunas e às grandes empresas.

Não, não é um pesadelo. O PS vai proporcionar, por via da sua abstenção, que a Direita cumpra o seu programa. E o mais ridículo é que o PS parece acreditar no “não-é-não” de LM e na sua verborreia direitista. Que ficou bem comprovada na “cerimónia” do logotipo e do apoio, mais ou menos declarado, ao repugnante livro de “uma vintena de beatos grisalhos que fez um tratado pela família tradicional”, como bem afirmou a Ana Matos Fernandes, mais conhecida como Capicua

O PS prova uma vez mais, se necessário fora, que está ao lado do Capital e que, mais uma vez, se preparar para trair os trabalhadores, trair as suas causas e os seus interesses. 

Nada que nos admire, ponto.

Esta seria, repito seria, uma óptima oportunidade para PNS provar que é um homem de Esquerda. A atitude que vai tomar, ou que vai proporcionar, deita por terra o seu próprio património.

Depois de ter aberto a porta à extrema-direita, com as suas medidas demagógicas e que promoveram o descontentamento e a desilusão dos trabalhadores, o PS vai agora dar a mão à Direita.

O PS é mesmo a muleta da Direita!


04 abril 2024

 NATO - 75 ANOS DE AGRESSÃO À LIBERDADE

 

Foi assinado em 4 de Abril de 1949, o chamado Tratado do Atlântico Norte. Foi apresentado como um “acordo de sistema de defesa coletiva, em que os 12 estados-membros fundadores (onde se incluía Portugal) se comprometeram com a defesa mútua em resposta a ataques externos”. É curiosa a forma como a NATO se vê a si própria. No seu site internet, diz-se que a “segurança no nosso quotidiano é fundamental para o nosso bem-estar” e que o seu objectivo “passa por garantir a liberdade e segurança dos seus membros através de meios políticos e militares.” Diz-se ainda que a NATO “promove valores democráticos e promove entre os seus membros a consulta e a cooperação em matérias relacionadas com a defesa e segurança com vista a resolver problemas, desenvolver confiança e, a longo prazo, evitar conflitos.” E finalmente “A NATO está empenhada na resolução pacífica de litígios...”.

 

Não deixa de ser surpreendente este fraseado. Não há (nunca houve, aliás) necessidade em poupar adjectivos sobre este Tratado, pérfido e mentiroso A NATO mostrou, logo na sua fundação, ao que vinha, apesar da retórica. As suas sucessivas intervenções, em todo o Mundo são a face visível de um instrumento de guerra, em defesa, não de nada em concreto que não seja a do imperialismo americano e da agressão indiscriminada, para impor a lei e a ordem de um império que, só mesmo pela força das armas, se mantém. Mas as intervenções militares da NATO estão plenas de crimes, muitas têm sido as denúncias, que nunca chegam a ser provadas, apenas porque quem os julga está ao serviço de quem os comete.

 

Não deixa também e ser curioso o facto de quando se faz um pesquisa relacionada com a NATO, apenas consta a verborreia armamentista e a defesa da guerra, sempre focalizada nos interesses americanos e dos designados “aliados” ocidentais. É muito difícil, por exemplo, encontrar relatórios e outra documentação fiável sobre os crimes da NATO. Ou mesmo sobre uma provável “legitimidade” de algumas das intervenções. Diz a NATO que, “Com o fim da Guerra Fria, a Aliança assumiu novas tarefas fundamentais, incluindo a formação de parcerias de segurança com várias democracias da Europa, do Cáucaso e da Ásia Central. Em resposta às mudanças no ambiente de segurança geral, a Aliança assumiu novas responsabilidades. Estas incluem o enfrentar tanto a instabilidade provocada por conflitos regionais e étnicos na Europa como ameaças com origem fora da área euro-atlântica". Traduzindo para português corrente, encontramos a realidade dos factos. As “parcerias de segurança” significaram na prática, as alianças para agressão da Bósnia e Herzegovina, para a desastrada e criminosa intervenção no Kosovo, para as guerras, de agressão gratuita, provocadas no Afeganistão, Iraque e Líbia. E ainda, todas as intervenções na América Latina e do Sul, sempre contra os movimentos de libertação e de defesa dos trabalhadores. A retórica do “...enfrentar tanto a instabilidade provocada por conflitos regionais e étnicos na Europa como ameaças com origem fora da área euro-atlântica”, traduz-se basicamente no primeiro objectivo estratégico americano em provocar a Rússia, cercada desde há duas décadas, por exércitos à sua porta, que a acabaram por levar a invadir a Ucrânia, um acto simplesmente indefensável, todavia provocado por uma ameaça real.

 

Para a NATO impõe-se hoje, em pleno século XXI, “...enfrentar de forma activa os novos desafios da segurança do século, como os representados pelo terrorismo internacional e a proliferação das armas de destruição maciça.”. Na verdade, sabe-se o que isto quer dizer, estando ainda por encontrar as tais armas, que os algozes referiam existir, para justificar a invasão e destruição do Iraque. Na verdade, a posição imperialista que representou a expansão da NATO para o Leste, baseou-se numa premissa sem qualquer sentido, a saber, a velha tese que defende que a Rússia iria tentar uma invasão imperial para toda a Europa não é mais que a ideia anti-comunista dos anos de ferro, como se o regime actual russo tivesse algum coisa a ver com a União Soviética dos primeiros anos da Revolução. Atente-se mais uma vez nos factos: a dissolução do Pacto de Varsóvia, em 1991, deveria ter sido acompanhada pela dissolução da NATO, mas o que se passou foi precisamente o contrário, a NATO cavalgou para todo o lado.

 

E aqui reside a questão principal, que é, sem qualquer espécie de dúvida, a falsificação completa da História, para afinal legitimar o reforço e alargamento de um bloco político-militar agressivo, impulsionar a corrida aos armamentos e a estratégia de confrontação e de guerra. Aliás, as sucessivas “crises” do capitalismo, particularmente na sua versão neoliberal necessitam sobretudo de confrontação e de guerra, para justificar o fracasso do sistema. Essa natureza implica o ataque a todas as tentativas de libertação dos povos do jugo colonial, por todo o Mundo. A NATO, os imperialistas norte-americanos e todos os seus lacaios, particularmente ingleses e os “aliados” da designada “união europeia”, representam hoje o perigo número um, à escala mundial: a agressão indiscriminada a tudo o que seja considerado lesivo dos interesses do dinheiro e da finança. E, a esse propósito, o Secretário-Geral da NATO, afirmou, em 2022, no relatório final da convenção realizada em Madrid, que “...as ambições e políticas coercivas da China desafiam os nossos interesses, segurança e valores”. Que “nossos” interesses? Precisamente, os interesses dos EUA e, por arrastamento, os da dita “união europeia”, que é melhor exemplo de dedicação canina ao patrão americano. Na sua última obra publicada, o Coronel Matos Gomes, afirma que a NATO não é aliança alguma, mas sim uma poderosa empresa multinacional americana, com delegações e agências na Europa, o que confere a esta o estatuto de colónia americana.

 

Recordamos os tempos da Revolução, no ano em que comemoramos os 50 anos de Abril. Aí se reclamou, desde o início, o fim da NATO e que esta ficasse fora de Portugal. A única atitude decente que se impõe, seguindo o rasto de sangue que aquela organização tem deixado por toda a parte, é voltar a levantar a voz contra a guerra, contra o imperialismo e pela Paz. Que ela possa ser construída aqui na Europa e em todo o mundo, denunciando os crimes da NATO e pugnando pela colaboração pacífica entre os Estados, com base nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.


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