18 fevereiro 2005

VAMOS VOTAR NA ESQUERDA!

Para quem tem tido a paciência de ler os meus apelos, nesta última semana de campanha, deve ter notado a insistência em alguns pontos fundamentais, que se prendem sobretudo com uma questão de cidadania. Estamos na recta final da campanha e continua a ser urgente a mobilização das pessoas para o voto no dia 20. De facto, de há uns tempos a esta parte, o interesse dos cidadãos pela política tem vindo a decrescer de forma assustadora. Para tal tem contribuído a prestação de certos políticos e não só. Também, diga-se de passagem, a circunstância da prática continuada de determinada políticas que, ao favorecerem sistematicamente os mais poderosos, determinam uma ideia colectiva de que não vale mesmo a pena fazer nada, porque tudo fica sistematicamente na mesma. Desde a integração na EU que o nosso País, tratado possivelmente como parente pobre da União, vê a situação piorar em quase todos os indicadores, sente o nível de vida a subir a ritmos incomportáveis, enquanto os salários não acompanham (antes pelo contrário!) essa subida e sabe que a pobreza é um dado indesmentível, impossível de disfarçar. Os níveis de satisfação das pessoas, tal como demonstram estudos recentes, são dos mais baixos da Europa e a adesão a pressupostos demagógicos e populistas torna-se assim mais fácil e natural. Daí a sistematicamente se ouvir afirmações que atestam a distanciação dos cidadãos à politica: "eles são todos iguais", " a politica não me interessa", "eles querem é o tacho", "o que era preciso era um Salazar…".

Hoje, mais do que nunca, é preciso inverter este estado de coisas. É preciso talvez reinventar outras políticas, ou então outra forma de fazer politica. A responsabilidade cabe, antes de mais, a cada um de nós. O nosso voto é mais que urgente. O que é verdade é que eles não são todos iguais; eles, políticos e eles partidos; isso só é verdade em termos de retórica barata e serve sempre os mesmos interesses: precisamente os interesses de quem está sempre bem, de quem não paga impostos ao estado, de quem é sistematicamente favorecido por politicas erradas, de quem se serve de favores e influências para subtrair à sociedade lucros e dividendos de duvidosa proveniência. Para os que vivem do seu salário e pagam os seus impostos, a vida está cada vez pior e a dita convergência com a Europa não passa de uma miragem…

É preciso num momento de grande responsabilidade como este, chamar pelos nomes os responsáveis pela situação a que se chegou. A vitória do PSD, nas últimas eleições, conduziu Durão Barroso à liderança com um governo absolutamente incapaz e incompetente. Passaram 2 anos a queixar-se do estado em que o País estava, sem nada propor ou fazer para melhorar as coisas. Coisas que entretanto foram piorando, de tal forma que se chegou ao ponto de o País ser confrontado com a imposição de Santana Lopes e a sua equipa, sem que qualquer oportunidade nos fosse dada para um pronunciamento mais que necessário. Foram quase 3 anos de politicas erradas, de afundamento constante a nível económico, de agravamento dos índices de desemprego, de perda de poder de compra, de insatisfação colectiva constante e crescente. E que dizer dos últimos meses de governação, de um ridículo como nunca se tinha visto em Portugal, com um primeiro-ministro (e outros ministros) a desdobrar-se em asneiras sucessivas e declarações patéticas?

Tudo isto, insisto, desde que foi dada a hipótese de entrada para o Governo de Paulo Portas e da sua comitiva. Muitos notáveis dentro do PSD avisaram dos perigos, para o partido e para o País, dessa situação. O que é certo é que foram eles que tomaram as rédeas da governação; muitos foram os comentadores que diziam que era Paulo Portas quem dava cartas, que eram os ministros do PP quem determinavam as politicas, as tais politicas a que atrás me referi. E são estes, Paulo Portas e a sua equipa que agora se apresentam como se não fosse nada com eles, descartando-se da responsabilidade e assumindo-se (pasme-se) como os campeões da luta pela evasão fiscal e da criação de emprego!

É contra eles, é de facto contra toda a direita, que vamos votar nestas eleições. Merecem ser responsabilizados, merecem todo o castigo! A situação para que conduziram o País é desastrosa. Mas não só os políticos! Também (é preciso dizê-lo sem tibiezas!) as politicas; e aí há muito mais gente responsável. Num momento como este, não devemos esquecer esse facto, aproveitando para lembrar a algumas dessas pessoas, o erro de enveredarem por politicas contrárias ao interesse da grande maioria da população: aquela que trabalha e vive do seu trabalho. Que lhes sirva de lição, pois então! Ao quererem merecer o voto popular, que grande responsabilidade estão a assumir!

É hora então de reunir os esforços individuais para que, de uma vez por todas, a direita fique em minoria no Parlamento. E é mesmo muito importante que o Paulo Portas engula de vez a sua fanfarronice e seja remetido à sua verdadeira dimensão: a de um pequeno partido, que já teve a sua oportunidade e já demonstrou as suas prioridades para o País: os submarinos, os contratos com as industrias de armamento, o alinhamento com as politicas de guerra, os ataques contra a dignidade das mulheres, …

É hora de a direita dar o seu lugar à esquerda, que na verdade sempre foi maioritária em Portugal, mas que nem sempre teve oportunidade de aplicar politicas consentâneas. Estamos confrontados com a emergência de entendimentos à esquerda e é importante que todas as forças de esquerda assumam essa responsabilidade.

Por isso, o reforço á esquerda é a principal palavra de ordem. Nada está ganho, entretanto; só os votos colocados nas urnas é que contam. Por isso, é preciso votar!

Então: NA CDU, VOTA TAMBÉM TU!

Faltam 2 dias (quase 1) para dia 20 de Fevereiro


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