09 fevereiro 2005

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS…

"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar …"
Sophia de Mello Breyner Andresen

Para os devidos efeitos, eles aí estão em campanha e, como é bom de ver, usando de todas as artimanhas possíveis e imaginárias, para enganar os tolos (só ???). Eles já estão no poder há 3 anos e em 3 anos foram capazes das maiores artimanhas para se multiplicarem nos aparelhos (do estado e não só). Conseguiram em 3 anos minar o pouco que tinha sido conseguido para benefício dos mais desfavorecidos. Mas de facto, conseguiram: aumentar o desemprego, aumentar a divida publica, aumentar os lucros dos bancos e das seguradoras, aumentar as desigualdades, diminuir o poder de compra dos trabalhadores e colocar em ultimo lugar o País na lista da EU no que diz respeito aos índices de formação e de qualificação. Pior seria difícil. Mas vale a pena ver os números, no que concerne à banca e aos seguros: BPI - aumento dos lucros 17,6% em 2004 (Expresso-29/01/2005), BCP - aumento dos lucros 17,2% em 2004 (Público -26/01/2005), BNU - aumento dos lucros 40,1% em 2004 (Expresso-29/01/2005), BES - aumento dos lucros 11,5% em 2004 (Público -04/02/2005), BNC - aumento dos lucros 33,7% em 2004 (Público -20/01/2005), Espírito Santo Financial Group - lucros 49,5 milhões de euro; uma delícia, números dignos de um país do 3º mundo!

VEMOS…
O governo de Santana e Portas na mais patética cena de que há memória, a desmultiplicar-se em trapalhadas e asneiras quase diárias a atentar contra os valores democráticos mais elementares, como o direito à expressão, atestados pelo episódio Marcelo, pela carta de Portas e Bagão para os reformados das FA, pela cena de Nobre Guedes a incentivar a população de Coimbra a não deixar entrar Sócrates na cidade, pela triste saga de Santana contra a vida privada de Sócrates, … Como foi possível chegar a isto?

OUVIMOS…
Declarações absolutamente pró-fascistas dos lideres da extrema-direita e mesmo de alguns sectores neo-populistas do PSD. Já atentaram bem no discurso de Manuel Monteiro sobre os direitos das mulheres? E a saga de Paulo Portas sobre os valores da Pátria? E a opinião de Santana sobre a lei do aborto? E ainda as "divagações" de Nairana Coissoró sobre o ultramar português? E que mais eles (e elas também) diriam se estivessem em condições mais favoráveis!

LEMOS…
As propostas que a extrema-direita e o sector populista da direita nos apresentam; mais do mesmo, mais desemprego, mais défice encapotado, mais desigualdade, mais off-shore da Madeira, mais Jardim, mais nomeações políticas, …
Lemos ainda (esta para mim é a melhor de todas!) na frente do palanque de Santana Lopes a palavra "competente"; isto depois de ter sido "despedido" por incompetência… Não há um único comentador político (excepção natural para esse espécie que dá pelo nome de Luís Delgado…) que dê sequer o benefício da dúvida ao homem da Lux, tal é a mediocridade da sua argumentação, tal é a face visível da sua falta de estatura política!
Lemos finalmente as declarações do individuo no próprio palácio de Belém, aproveitando as pseudo-férias que impôs para si próprio (enquanto candidato), a falar como 1º ministro sobre a campanha eleitoral; francamente, é demais!

NÃO PODEMOS IGNORAR …
Realmente, não! O momento não o permite, não é possível ficar indiferente. Já chega de palhaçada (sem querer insultar os palhaços verdadeiros…); estes actores têm que ser postos imediatamente fora de cena. Está perto o dia em que veremos Santana e Portas saírem por uma porta por onde nunca deveriam ter entrado. E que grande lição para o PSD, ao permitir que o personagem em questão tomasse de assalto o partido; agora é vê-los a evitarem a colagem e a resguardarem-se para não se comprometerem com a desgraça anunciada!
A campanha contra a extrema-direita e contra a direita que lhe está associada é uma tarefa do mais elementar civismo, uma urgência das consciências livres deste país, em nome de um futuro comprometido com a justiça social, com os direitos de cidadania e com a esperança que nos trouxe o 25 de Abril. E finalmente não podemos (e não devemos) ignorar a demagogia de que eles são capazes até ao final da campanha eleitoral; a vitimização vai continuar e não sabemos sequer se a razão será suficiente para correr com eles. Para não apodrecermos em demagogia, para não alimentarmos o pântano do clientelismo e da mediocridade!

Por isso, a "nossa" campanha está aí! Não podemos desperdiçar esta oportunidade!

This page is powered by Blogger. Isn't yours?