25 abril 2005



31 ANOS DEPOIS!</b>

Já lá vão 31 anos. Muitos anos passados sobre a libertação, muitos anos de luta por uma sociedade melhor. Que deveríamos ter, mas não temos ainda. Temos um País mais moderno, mais soft, mais na crista da onda, mais telemóveis, mais auto-estradas, mas centros comerciais, mais canais de televisão, mais uma data de coisas que (nem) toda a gente conhece. Mas, apesar de tudo, temos o País mais atrasado da Europa, mais pobre, mais pobres, mais fome, mais endividado, mais mal-educado, mais caro, mais iletrado, mais mortos nas estradas.

Vá lá saber-se porquê! O certo é que os 50 anos de fascismo, cavados numa memoria colectiva comum, falam por vezes ainda mais forte que a liberdade e a cidadania conquistadas a ferros na manhã de 25 de Abril de 74. Há ainda resquícios de fascismo, de fascismos individuais e colectivos agarrados a conceitos, a preconceitos que por vezes falam mais forte que o sentimento a vontade de mudança. Respiramos liberdade, bebemos democracia, ao mesmo tempo que enjeitamos a diferença. Às diferenças, não somos tolerantes quando é preciso e somos transigentes quando não o deveríamos ser. Parece que nos falta o tal golpe de asa, a radicalidade capaz de rejeitar o que não presta e partir para a construção dos edifícios, das arquitecturas novas, que não se compadecem com o velho edifício a cair que já não pode contemplar qualquer recuperação.
De qualquer forma, é bom o ar livre da liberdade, ou como diria Miguel Torga :
"Ar livre, que não respiro!
Ou são pela asfixia?
Miséria de cobardia
Que não arromba a janela
Da sala onde a fantasia
Estiola e fica amarela!
Ar livre, sem restrições!
Ou há pulmões,
Ou não há!
Fechem as outras riquezas,
Mas tenham fartas as mesas
Do ar que a vida nos dá!
"

Ao respirá-lo, é bom que tenhamos em linha de conta que o olhar em frente, o olhar para o futuro, não se pode fazer sem pensar o que esteve para trás. Há quem saiba bem fundo o que foi a noite fascista, com bem fala o Sérgio Godinho :
"Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quando não se teve nada
só quer a vida cheia quem teve a vida parada
só quer a vida cheia quem teve a vida parada
"

Nestes 31 anos é bom estar atento e recusar os conservadorismos formalistas que levam a que o País demore anos a recuperar: os atrasos da justiça, os atrasos na formação dos governos, os atrasados mentais que ainda temos à frente dalgumas administrações, os pobres de espírito que entravam todos os processos de desenvolvimento dentro das suas coutadas pessoais de que alguém com bom senso terão qualquer dia terá de correr a pontapé.
Ainda é tempo: Ruy Belo diz que:
"O PORTUGAL futuro é um país
Aonde o puro pássaro é possível...
"
Haverá aí alguém que o possa impedir de voar???

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