02 maio 2005

O 1º DE MAIO EM 2005

Já não será um tempo de bandeiras vermelhas ao vento saudando a liberdade e os direitos de quem trabalha. Já não será porventura uma data com carga politica bem determinada. Não será concerteza marca de unidade sindical, há muito tempo foi gorada.

Qual o significado em 2005 de um 1º de Maio? Pois bem, que seja uma data de denúncia permanente e sistemática das condições de vida dos trabalhadores, a começar por aqueles que não conseguem trabalhar. O nosso País é hoje um deserto de 500 mil desempregados, número a subir todos os meses. Isso sabemos e não podemos deixar de denunciar.

Sabemos também que 20 por cento - dois milhões de pessoas - da população portuguesa vive abaixo do limiar da pobreza, mesmo após os subsídios a que tem direito. E que o número de portugueses a passar fome poderá neste momento chegar aos 300 mil. Iniciativas como a criação de um fundo de emergência social para acabar com a fome em Portugal, bem podiam tomar corpo, já que foram propostas no final de 2003, face ao agravar das condições existentes.
E sabemos muito mais coisas que significam discriminações e violações constantes dos direitos de quem trabalha e paga impostos numa sociedade de injustiça e de falta de respeito permanente pela dignidade das pessoas.

Que o 1º de Maio seja mais que uma formal comemoração; que seja de facto uma festa, mas uma festa consciente, que canta as vitórias, mas que não se esqueça nunca da luta constante a travar, da luta que o Zeca Afonso fala no seu poema:

"Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
"

Cantigas do Maio, Lisboa 1971

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