06 novembro 2005

A propósito de Theodorakis (e não só...) 


Dancemos pois como Zorba, ao ritmo da alegria de viver e da liberdade. Dancemos ao saber que Mikis Theodorakis foi galardoado com o Prémio de Música da UNESCO-Conselho Internacional da Música, uma distinção internacional ímpar no campo da música. Mikis é Zorba para sempre e este prémio, tal como sua música - a sua vida - é uma luta pela liberdade e pelos direitos humanos, uma luta contra a opressão e as ditaduras militares, pela Paz, na sua Grécia e em todo o Mundo. Sim, porque Mikis é um cidadão do Mundo, um homem que ama a vida e que diz que só poderia ter ser músico.

Mikis junta-se à soberba galeria de gregos galardoados como Kaváfis, Seferis, Ritsos e contribuiu para a eternização do romance de Kazantakis (também autor de A última tentação de Cristo). O nome de Mikis estará sempre ainda ligado a Irene Papas e a Melina Mercoury de uma Grécia pobre e austera a preto e branco, mas que todos - elas e eles - encheram de cor, com a sua arte, a sua presença e a sua luta.

Todos teremos dentro de nós um pouco de Zorba e dançamos ao ritmo da nossa própria força. Tal como Zorba, a dança é uma arte mental e não física; lembramo-nos das suas palavras, "dançamos com a cabeça e um sorriso no rosto, os braços são apenas para dar o equilíbrio" e recordamos o autêntico hino á vida a a que Mikis deu a sua música.

Um dia depois, Alegre poderia ter citado Mikis quando fez o seu discurso e afirmou que a participação dos cidadãos na vida política não se esgota na representação partidária. Certamente poderia propor uma outra dança na pobre arena da politiquice à portuguesa e, homem da cultura que é, poderia saudar este prémio de Mikis (que Cesária e Maria João já receberam também) para talvez dizer que podemos aspirar a algo diferente do que nos é dado diariamente pela loucura da comunicação social que propõe a "inevitabilidade Cavaco".

Há cada vez mais gente que quer essa outra dança; para isso é urgente que aqueles que já acordaram e que (ainda) têm memória, consigam pelo menos trocar o passo á mediocridade e virar o disco que recorde o Zorba e que toque o ritmo da insatisfação e da rebeldia, cada vez mais forte. É afinal, pela liberdade e pela alegia de viver!

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