17 maio 2006

VIA LONGE... (a) 


É apenas a arte de saber escrever. E de saber inventar escrevendo, contando, simulando. Usando a língua portuguesa como só ele sabe, conhecido por "inventar" vocábulos, misturas de verbos com substantivos. " Venho brincar aqui no Português, a língua...", diz ele a sério. A simplicidade / profundidade da bela alegoria "...não é a carta que tem erros, é a vida mano, é a vida! ".
Mia desenha uma sereia com pés, ou se quiserem com o outro pé, para ser mais exacto. É o seu título, a sua estória, que pode ser a de Vila Longe, onde existe "... uma mulher a céu aberto" e onde o barbeiro dita sentenças desenterradas de outros céus, onde há mortos que teimam em não ir embora, numa desenfreada teia de sentimentos, emoções e (pre)conceitos.

Fica-se com vontade de continuar, lendo desesperadamente, esperando saber mais sobre quem consegue enterrar uma estrela, sim é isso mesmo, no chão de Vila Longe está enterrada uma estrela; e há mais, diz-se aí, que todos morreram um pouco com ela...

Mia sabe bem o povo que conta, o que é ser hemisfério sul. Aqui, mais uma vez, o barbeiro de Vila Longe: "... não é fácil sair da pobreza, mais difícil é a pobreza sair de nós". Lê-se, goza-se a língua ("... uma das maiores ambições num escritor é corromper a Língua"), mas pensa-me também...

A propósito, já conheces a CARTA que Mia Couto escreveu ao chefe BUSH???
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(a) A propósito do lançamento em Portugal do livro de Mia Couto: "O Outro Pé da Sereia"

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