24 dezembro 2006

O MINUTO DA PETRA...


Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham...


Venho do fundo do Tempo
não tenho tempo a perder...


Rómulo de Carvalho
(Fala do Homem Nascido, 1958)



Nesta quadra de Natal 2006 a Petra teve uma prenda especial: um minuto. Sim, nem mais nem menos, 1 minuto. No faz de conta que as crianças gostam e por qualquer razão que já não lembro, lhe disse: toma este minuto, guarda-o muito bem, é o teu minuto. Neste tempo de loucura, em que ninguém tem tempo para nada, toda a gente se queixa que não tem tempo, que o dia deveria porventura ter mais horas, alguém se lembra de ofertar tempo. Nada que seja original claro, apenas o simbólico que se reconhece a quem merece todo o tempo doMundo. Tu Petra, que ainda não sabes ler, mas entendes bem quem te presta a atenção que mereces e quem te ama. O tempo, qualquer coisa indefinida, quiçá virtual está contudo acima de qualquer suspeita. E aquelas e aqueles que jáviveram muito tempo, muitos tempos, alguns difíceis, outros venturosos, aprenderam (?) o valor que nele se encerra e alguns valores que porventura se vão perdendo. Será esta uma lição para nós todos que por vezes perdemos tanto tempo em coisas inúteis, fúteis às vezes e que, quando damos conta o vamos tentar agarrar mais além... Esse minuto que guardas hoje, poderá ser aproveitado para o quiseres. Não éo tal minuto de glória, não é seguramente um minuto de silêncio. É apenas o teu minuto que alguém te deu: um minuto de liberdade, um minuto de paciência, um minuto de ternura, um minuto de paixão, um minuto de mistério, um minuto de sonho...
E, acima de tudo, um lapso de tempo que no futuro saberás dar aos outros, em atenção, carinho e amor que tanta falta fazem na torrente do tempo que corre...

Natal de 2006
Alfredo Vari

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