05 março 2007

CRÓNICAS DE TIMOR-LESTE -1



Conhecer DILI
(em TIMOR-LESTE, a NAÇÃO mais nova do Mundo)








Estou em Dili desde há 3 dias, respiro o ar quente e húmido destas paragens onde o tempo passa de uma outra forma. Aqui há, como em todo lado, pessoas que lutam por melhores condições, com a diferença que estão sujeitas a uma ameaça constante vinda dos vizinho australiano que, como diria o Manuel Correia está apostado em destruir tudo aquilo que foi construído pelos timorenses e também, por nós portugueses. Encontro todos os dias (ainda são poucos...) pessoas novas, novos amigos e amigas; trabalham na Universidade, na construção civil, na arquitectura, na produção de mobiliário, enfim na cooperação portuguesa que mantém viva a cultura lusitana neste Oriente misterioso, pelo menos para quem não o conhece ainda.

No primeiro dia, não me aventuro a sair do Hotel Timor sem o apoio de um motorista de táxi, recomendado pelo gerente do hotel. Apu assim se chama o meu guia, que cobra à hora, nem mais nem menos que 10 dólares, é simpático, não quer receber na primeira viagem, que dura exactamente (segundo as contas dele...) uns singelos 11 minutos; ficas com o meu número e chama de onde estiveres
..., diz ele, é simples, não tem que saber; conduz muito devagar (claro!) numa pequena selva de trânsito, que tem pouco a ver com a que estamos habituados, não têm contudoa mania fundamentalista dos portugueses que param em qualquer passadeira se adivinham que um peão se aproxima; nada disso, buzinam sempre que alguém atravessa a rua, que esta é para os carros, claro; mas não andam nem estacionam em cima dos passeios, respeitando assim uma delimitação geograficamente evidente. Por falar em passeios é curioso encontrar na sua maioria as raízes das árvores seculares a rasgar grande parte deles...

A partir de hoje e salva alguma deslocação para fora de Dili, Apu será dispensado. Descubro finalmente a cidade passeando a pé, única forma de as conhecer na realidade. Mercados, lojas impensáveis para um ocidental, casas com telha portuguesa (um orgulho para os timorenses, não se cansam de o dizer), as pessoas... Dili é uma cidade assim como perdida no tempo. As pessoas são afáveis, mas terrivelmente reservadas, querem falar português, mas têm medo de o fazer ao mesmo tempo, é estranho; são muito sintéticas, conversa fiada não é com eles, dizem o que basta e pronto. Um passeio a pé pela cidade,com as pausas da praxe para fotografia, demora umas 3 horas; fica tudo visto; a exploração de alguns sítios seleccionados fica para depois. Obrigatórios, o Palácio do Governo, o porto de Dili mesmo em frente, um passeio calmo e curioso pela Avenida Bispo Medeiros que tem tudo (ou nada?) para comprar; na zona do Hotel Dili há também muito comércio, pequenas lojas, supermercados, lojas chinesas, muitos miúdos de rua vendendo lembranças de Portugal, porta-chaves, bandeiras. Nos cafés, sempre muito movimentados podemos sempre encontrar grupos de portugueses, professores, técnicos da cooperação, policias, ou ainda funcionários das Nações Unidas. Estes aliás passeiam-se constantemente pelas ruas nos seus jipes topo de gama, aos montes, parece mais um território ocupado... Não esqueçamos ainda os vendedores de fruta, um espectáculo: transportam ao ombro uma vara de bambu de onde pendem das extremidades cachos de bananas, de milho, de laranjas esverdeadas (...), de mangas; abordam frequentemente as pessoas com uma interjeição esquisita e logo se afastam...

As primeiras impressões mostram uma cidade com muito movimento, com alguma alegria contida e muitos pequenos grupos que se juntam um pouco por todo o lado e que fazem qualquer coisa que ainda não dápara perceber, ignoram-nos pura e simplesmente, isso é mais que certo...


Dili, 28 de Fevereiro, ano 2007
ALF.

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