05 março 2007

CRÓNICAS DE TIMOR-LESTE -3





A VISITA A BIDAU MASSAU








Às 10 da manhã deste Sábado já a comitiva do Primeiro-Ministro Ramos Horta se encontra no Hotel Timor, devidamente preparada para uma missão de reconhecimento de terreno. O destino é o Suco(() Suco: divisão administrativa que abrange várias aldeias) de BidauMassau, onde existe uma Associação de desenvolvimento local, em colaboração com a diocese de Dili.

Deslocamo-nos numa Microlete, o PM, a Chefe de Gabinete, dois assessores e mais 2 jornalistas. Atrás de nós um jipe com 2 seguranças, passando perfeitamente despercebidos na paisagem. Pelo caminho, muitas saudações da população, algumas paragens para cumprimentar as pessoas, muitos miúdos das escolas com os seus uniformes coloridos que se acercam da carrinha, sempre que dão conta que dentro viaja o próprio PM. Uma breve passagem pela residência oficial do Presidente Xanana Gusmão, com quem o PM tinha ficado de se encontrar. Andamos uns 20 minutos em marcha lenta pelas ruas da capital, afastando-nos do centro da cidade, por zonas habitacionais, sempre com as montanhas por fundo, uma imponente paisagem com tons de verde carregado e uma ligeira ameaça de chuva, que nunca se cumpriria, à excepção de umas pequenas gotas que amenizam o forte calor dos últimos dias. Entramos na aldeia de Bidau Santana, umas 500 famílias, num total de cerca de 1200 pessoas; a aldeia tem uma Escola Primária com 8 salas para 40 alunos e 10 professores. A Associação trabalha para a população da aldeia, com o objectivo de formar mulheres e jovens nas artes da costura, defende o património ambiental e projecta a formação desportiva dos mais jovens. Germano Brites apresenta-nos o seu Projecto que envolve a edificação de um pequeno Centro Comunitário e também de um campo desportivo multiusos. Fazem uma festa da nossa visita sobretudo quando Ramos Horta lhes comunica que eu trago apoio concreto para o seu Projecto, materializado numa doação dos professores portugueses.

No regresso, sempre em marcha lenta, com várias paragens, damos boleia por duas vezes a timorenses que aguardavam algum transporte e que são convidados a entrar na Microlete. Um almoço excelente oferecido pelo PM a toda a delegação, naquilo que em Portugal poderíamos chamar uma tasca, completa o cenário de um dia que marcará certamente todos nós.

É difícil explicar a satisfação destes momentos. Ficará na memória o contacto directo com as pessoas, a sua simplicidade, o seu empenhamento na melhora das suas condições de subsistência, no orgulho pelos seus valores, na defesa da sua terra. O pano de fundo do local onde a aldeia se reuniu para nos receber é uma imagem da santa, evocando os mártires do massacre de Santa Cruz...



Dili, 3 de Março, ano 2007
ALF.

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