09 agosto 2008


CRÓNICAS ANGOLA 3: A Sociedade Civil em Conferência

Apenas 1 semana de Angola e tanta coisa para contar. Se calhar nem tanto assim, há coisas que não se contam, há outras que guardamos e partilharemos mais tarde, quando o relaxe nos permitir pesar melhor o que deve ser dito.
A sociedade civil angolana esteve em conferência nos dias 7 e 8 de Agosto, na Universidade Católica; pretendia-se, segundo os seus organizadores, “estimular uma alargada reflexão e discussão em torno das questões relacionadas com o potencial da sociedade civil para a mudança sócio-político-económica.”; serviu ainda para apresentação da obra Sociedade Civil e Política em Angola, contexto regional e internacional, da autoria de Nuno Vidal e de Justino Pinto de Andrade. As preocupações são as mesmas que em todo mundo, o combate à pobreza, a responsabilidade social das empresas, o papel da sociedade civil no contexto regional, o combate à discriminação, a defesa dos direitos humanos, o papel das organizações não-governamentais, enfim a participação dos cidadãos na construção de uma sociedade melhor. Curioso notar a tónica colocada no papel da comunicação social, num período especial como o que aqui se vive, em plena campanha eleitoral. E ainda, a forma completamente livre de preconceitos com que se abordou o tema, sempre actual em Angola, da “ligação” entre o poder e os cidadãos. Viveram-se 2 dias de amplo debate, franco e aberto, numa organização impecável, a que só faltou um pouco de rigor nas questões relacionadas com a documentação. Uma oportunidade única de marcar uma presença efectiva, éramos os únicos participantes europeus, marcamos alguns pontos, enfim.
O tempo afinal corre depressa também aqui, os dias são curtos para os europeus, anoitece cedo (que belos fins de tarde…), fala-se muito com as pessoas, muita cordialidade, muito interesse pelos nossos projectos, alguma dificuldade em gerir os contactos, a Europa está longe e perto ao mesmo tempo, aprendem-se costumes, cultiva-se a partilha. Interessante observar por exemplo, do lado de cá, como é vista a cooperação internacional, um tema sem dúvida a explorar quando estivermos de volta, a aprendizagem é de facto notável.
Já é fim-de-semana, prepara-se a próxima com aquela ansiedade do costume, mas já devidamente aculturada, relativizada e diluída na calma de Africa. O cacimbo atenua os excessos…


Luanda, 9 de Agosto 2008
Alf.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?