22 agosto 2008



CRÓNICAS ANGOLA 5: Finalmente Malange


5 da manhã de 6ª feira, 15 de Agosto, já estamos prontos, esperando a nossa boleia para Malange, partimos perto das 6 horas, já com um transito infernal nas entradas e saídas da cidade; táxis e carros particulares, veículos de todas as espécies enchem as faixas de rodagem e as faixas que o não são; sim, porque nas ruas de Luanda circula-se por onde é possível, mesmo fora dos sítios habituais, tudo vale, pela direita, pela esquerda, por onde calha. 2 longas horas só para sair do perímetro urbano da cidade, a passagem por Viana, com a confusão do costume. O todo-o-terreno faz-se à estrada da barra do Kuanza, os primeiros quilómetros prometem, mas a primeira impressão é enganadora, a estrada “desaparece” de quando em vez, dando lugar a pequenos troços de terra batida, com imensos buracos, impossível fazer aquilo num carro clássico, só mesmo os todo-o-terreno resistem a estas situações, o nível de solavancos é enorme, sobretudo para quem viaja no banco traseiro, chega a bater-se com a cabeça no tejadilho, enfim…

Entretanto e para completar o quadro acontece o pior: uma má disposição intestinal que só viria a ser minimizada dois dias depois, tem pelo menos a vantagem de nos aguçar a imaginação; na tentativa desesperada de dar resposta à necessidade fisiológica inerente a casos como este, descobrimos uma nova função “social” dos bancos: a de ter uma casa de banho à disposição do viajante, pelo menos da alguns, a nossa por exemplo; no Dondo e em N´Dalantando, lá fomos ao banco apenas para pedir autorização para utilizar a dita, para espanto dos funcionários, mas com a permissão, não sem um sorriso devido ao inesperado. Já agora umas palavras sobre as 2 cidades. Dondo fica a a cerca de 190 kms de Luanda e situa-se na província de Kuanza-Norte; N´Dalatando é a capital daquela província e até 1975 teve a designação de Vila Salazar, em homenagem ao ditador; esta cidade é sede da diocese de N´Dalatando, criada pelo papa João Paulo II, em 1990, pelo desmembramento da arquidiocese de Luanda.

A viagem é, apesar dos percalços, um regalo para a vista; as 5 passagens pelo Lucala, nem sempre com caudal de agua suficiente para as necessidades, as pedras negras de Pungo Andongo, uma formação rochosa com cerca de 200 milhões de anos, um “monumento” de imponência e de grande beleza. O regresso, na 2ª feira, também feito num todo-o-terreno do senhor Governador, confirma as expectativas da primeira, agora sem constrangimentos e com um belíssimo almoço do Dondo, com carne guisada, funche e cerveja bem gelada; para quem não sabe, o funche angolanoé uma mistura de farinha de milho, água e sal devendo, para uma preparação cuidada, pôr-se a água com sal a ferver, depois deitar a farinha em pequenas quantidades, mexendo com um garfo de madeira para não encaroçar; para aguçar o apetite, deve sempre acompanhar a muamba (de galinha ou de peixe); para as respectivas receitas, basta pedir aos amigos, ou procurar na net. As sucessivas mudanças na paisagem deixam antever, na subida para Malange o verde da vegetação que contrasta com a cor terra, constante da planície. Um realce muito especial para Kalandulo, conhecida pelas quedas do mesmo nome (antigas Duque Bragança) a ainda pelas quedas do Musselege. Na localidade, mora o grande amigo Joaquim Pedro, administrador com sabedoria e experiência e que tem promovido um desenvolvimento social notável a todos os níveis. Vimos pela primeira vez os cafezeiros, provamos o fruto, uma delícia.

Um fim-de-semana principesco, preparando a visita ao senhor Governador de Malange, que aconteceria na 2ª feira; um encontro fundamental para os nossos projectos, a coisa marcha e deixa antever uma colaboração mais estreita no futuro e um desejo de voltar em breve…

Malanje, 18 de Agosto 2008
Alf.

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