08 setembro 2008





CRÓNICAS MOÇAMBIQUE 3:
A Engenharia no Combate à Pobreza

Os engenheiros em Congresso apostam no combate à pobreza. É uma imagem significativa, naquilo que poderá ser um desafio (quiçá uma miragem). Fala-se no papel dos técnicos de engenharia, na sua possível contribuição, com engenho, através de soluções de baixo custo que possam contribuir para a autonomia das populações. Ao lado dos grandes empreendimentos, que geram quase sempre mais desequilíbrios, mais injustiças, menos inclusão. Defendemos o chamado empreendedorismo social, no fundo a capacitação das pessoas para criarem o seu próprio emprego, com uma componente social de intervenção e uma resposta organizada e eficiente a necessidades sociais e de gestão inovadora das organizações sociais. Acrescentamos a proposta de que o empreendedor social defina como prioridade a missão social, ou seja, a defesa de um princípio assente na cooperação entre empresas e organizações não lucrativas em torno da experimentação de projectos inovadores. Enfim, salientamos o modelo voluntário de participação e co-responsabilização dos empreendedores sociais, não motivado apenas pela obtenção de lucro, colocando a tónica na prestação de serviços que podem propiciar bens palpáveis, proporcionando ganhos sociais para a comunidade.

Notamos com satisfação uma enorme adesão às nossas propostas, balizadas em medidas concretas de apoio à formação de empreendedores sociais, na implementação de um trabalho em rede, no apoio à descoberta de soluções de micro-crédito, na intermediação com o Estado e com outras organizações da sociedade civil. Sabemos que passamos uma mensagem que poderá ser alternativa, desde que sejamos capazes de pôr em prática o que defendemos; a educação para o desenvolvimento deverá fazer a diferença face ao discurso economicista, que dá os resultados que conhecemos. Algumas abordagens inovadoras completam o cenário de um Congresso que valeu a pena, pese ainda o facto de a participação africana ser ainda ténue; trabalhos de investigação que começam a fornecer indicadores significativos, mostram que a cooperação internacional pode desempenhar um papel decisivo nas mudanças que se pretendem; competirá agora aos poderes governamentais fazer a interpretação correcta, esperamos para ver.

A nossa “estreia” em Moçambique não podia ser melhor, todavia é apenas um sinal, impõe-se agora a sistematização dos dados, muito trabalho pela frente a partir de agora, vale claramente a pena.
Maputo, 5 de Setembro 2008
Alf.

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