12 setembro 2008


CRÓNICAS MOÇAMBIQUE 4: Batiks…

Quase na partida deste País que ora conheci, apenas algumas imagens, algumas terras, pouco porventura, para além de Maputo, Inhambane, Tofo, Bilene, Manhiça, Xai-Xai, enfim o que foi possível. Quisera ter visto mais de perto como vivem as pessoas, um aspecto que fica nos relatos dos amigos, nas conversas de rua, nos cafés, nos hotéis. Da janela do 4º andar do Girassol me despeço do azul do mar, hoje com mais ondulação, alguns barcos, uma vista magnifica, complementada com o verde da vegetação, as cores dos edifícios, o recorte das ruas. As arrumações, o fecho das malas (um pavor…), as últimas notas, as mensagens, aquela sensação que falta sempre qualquer coisa, que vai esquecer isto ou aquilo. O importante agora é mesmo partir, já que tem que ser e chegar o mais rápido possível ao destino, a casa, a família, os amigos, as rotinas habituais que também fazem alguma falta, diga-se de passagem.

Estamos fora de Portugal desde finais de Julho, as emoções em Angola e aqui em Moçambique foram sempre muito fortes, as expectativas foram de facto superadas, existe uma certa curiosidade sobre a nossa prestação em África, iremos tentar que as respostas sejam o mais possível próximas do que se espera. O contributo que uma organização da sociedade civil, com algumas características que as pessoas consideram especiais (sem qualquer receio do termo…), pode significar irá a partir de agora ser testado em situações concretas, nos 2 Países, enquanto se analisa, com o pormenor necessário, as questões ligadas à organização local, que assumirá em cada um dos países, formatos adequados.

Batiks para levar; o termo, muito vulgar em Moçambique, designa uma técnica de panos pintados; a exploração artesanal introduz uma industria local de algum significado, há artistas que produzem panos de belíssimo efeito visual; de dimensões variadas, podem apresentar variadas formas, conforme a origem, o mais usual tem formato de rectângulo, medindo à volta de 65 X 25 cm, a pintura é feita em altura; há ainda batiks maiores, podendo assumir 1,35 m de largura e cerca de 85 cm de altura. Nos panos são pintados motivos tradicionais, com a ida à agua, os trabalhos da mulher (muitos), a pesca, etc… ; a pintura é coberta com cera, conferindo alguma consistência ao pano, tornando-o mais pesado, à semelhança de uma tela. A imagem de uma feira de Batiks (foto), os panos esvoaçando ao vento é simplesmente espectacular, o colorido é fantástico, há para a todos os gostos, todas as cores… Os desenhos são feitos com cera quente e coloridos com tinta; a técnica batik consiste no tingimento após a impermeabilização de partes da tela, que pode ser em algodão, seda pura ou mesmo couro; as áreas recobertas com cera ficam impermeabilizadas e é com ajuda da cera e banhos sucessivos de tinta que se obtém a sobreposição dos diversos tons.

Apetece então dizer “vou-me embora, vou partir mas tenho esperança /de correr o mundo inteiro, quero ir…”, todas as partidas custam um pouco, fica a certeza de voltar, sempre…


Maputo, 11 de Setembro 2008
Alf.

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