19 setembro 2008


De 1851 a 2008…


Assistimos dia a dia e desde há uns tempos a esta parte à novela do costume acerca do preço dos combustíveis. Agora que o preço do barril de crude está no casa dos 90 dólares, seria de esperar uma diminuição considerável dos preços no consumidor. Há um comissário da Energia (o que é isto?) que alerta para uma intervenção da chamada Autoridade da Concorrência, mais um ministro que diz esperar que o preço baixe, o preço não baixa e o contribuinte paga, o contribuinte paga sempre e isto rola assim. Recorde-se (é sempre bom recordar) que, com a privatização da GALP pelos governos do PS e PSD, e com a liberalização dos preços dos combustíveis do governo PSD/CDS, o que deveria ter acontecido (segundo a lógica deles…) era o aumento da concorrência e uma consequente descida dos preços; entretanto, entre Janeiro de 2004 e Maio de 2008, o preço da gasolina 95 aumentou 57,3% e o do gasóleo rodoviário 102,7%. São estes os resultados que a direita parlamentar tem para apresentar ao País; agora reclamam do governo PS medidas imediatas para baixar os preços, hipocrisia só possível mesmo para quem não queira ver! Entretanto o que faz este governo, dito socialista? Nada, positivamente nada, porque não é capaz, nem quer ver as verdadeiras razões, ou seja, a mais descarada especulação das companhias petrolíferas, a coberto precisamente da incompetência do ministro da economia e da cumplicidade óbvia do primeiro-ministro. É preciso que se diga isto claramente, que é uma pouca-vergonha esta política de complacência perante os grandes interesses económicos e especulativos de que este governo é completamente refém e cúmplice. Não adianta pois tentar mascarar a realidade, com declarações de falsa ingenuidade, quando os factos comprovam exactamente o contrário. Quando o preço do crude aumentava, o preço dos combustíveis subia todos os dias, agora que já baixou para quase metade, tudo fica na mesma e até (pasme-se!) há uma distribuidora que nos últimos dias ainda veio aumentar ainda mais o preço…

As pessoas não são estúpidas e sabem que os preços dos combustíveis determinam em grande parte o agravamento das suas condições de vida: os transportes, o preço dos bens alimentares, o funcionamento do sector produtivo. Somando a tudo isto o aumento desenfreado das taxas de juro, temos um cenário real de um país que não consegue nunca convergir e pelo contrário se afasta cada vez mais da União de que tanto se orgulha de pertencer. E, mais uma vez, como em situações passadas, o partido Socialista hipoteca a sua herança, atacado à direita por uma direita sem qualquer crédito e à esquerda por praticar a política dos que o atacam, uma situação só aparentemente bizarra; na realidade não o é. Talvez seja desta que os indecisos queiram ver ao que levam as políticas monetaristas, amarradas ao liberalismo económico e reféns do capitalismo selvagem; aliás, a dita crise dos mercados financeiros, não é mais que uma máscara para fazer passar na opinião pública a necessidade de aumentar ainda mais a intervenção do império no controle completo e único do mercado internacional.

É a economia estúpido!”, que poderia agora ser adaptado por qualquer coisa como “a economia é só para estúpidos”, ou “os estúpidos são os economistas”, ou até “estúpidos são os que acreditam nos economistas”; pelo menos, nestes…

19 de Setembro de 2008
Alf.

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