03 novembro 2008


O Governo nacionaliza um banco comercial, em reunião de emergência efectuada no passado fim-de-semana. Surpresa? Talvez, se admitirmos que esta medida não terá tanto a ver com a putativa crise dos mercados financeiros, mas sim com uma data de ilegalidades, atropelos e demais aldrabices praticadas pelos responsáveis do BPN, onde se encontram nomes conhecidos da praça pública como Miguel Cadilhe, Dias Loureiro, Neves Santos, Irmãos Cavaco; o chefe da banda, Oliveira e Costa foi, no final da década de 80, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com um poder quase discricionário na máquina do Fisco, tendo sido conhecido pelos célebres perdões fiscais; foi aliás durante esse período que conheceu alguns dos futuros accionistas do banco…

A justificação da Governo para nacionalizar esta empresa é completamente falsa. Mais uma vez, uma falácia. Senão reparemos: na semana passada a CGD faz um empréstimo de 200 milhões de euro neste Banco; para quê? Apenas mais um balão de oxigénio a uma empresa que teve uma actuação danosa nos últimos anos e acaba sob a protecção do Estado. E que faz (que fez) o Banco de Portugal? O mesmo que no caso do BCP, ou seja, absolutamente nada; aliás vem agora o inefável Vítor Constâncio (o tal que ganha mais que o Presidente da Reserva Federal americana) dizer que o controle não é fácil, que há limitações, etc…, etc…
Uma actividade perniciosa para a economia nacional, vários processos judiciais por suspeita de fraudes e outras irregularidades que se calhar nem imaginamos, perdas totais que ascendem a 700 milhões de euros, é o panorama de uma instituição, cujos responsáveis deveriam ser julgados e culpabilizados pelo roubo (não tem outro nome…). Como no caso do BCP, o mais provável é ficar tudo na mesma, em boa verdade em vez de serem responsabilizados, os verdadeiros responsáveis já devem ter acautelado os seus bens e quem sabe se daqui a uns meses não estarão a gerir uma qualquer empresa pública. Vale a pena ilustrar aqui 3 singelos exemplos de aquisições feitas pelo banco, entre 2005 e 2006: quarenta milhões de moedas do Euro 2004, alguns quadros de Miró e jóias egípcias; se somarmos a estas, a aquisição do Banco Insular de Cabo Verde, no valor de 360 milhões de euros e misturarmos tudo isto com a utilização frequente de contas em bancos "off-shore" para evitar o pagamento de impostos, temos o cenário ideal para incriminar estes (i)responsáveis; vamos ver, não é verdade?

03 de Novembro de 2008
Alf

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