12 fevereiro 2009


A QUE DISTÂNCIA?
Os dias terríveis são, afinal, as vésperas dos dias inesquecíveis”.
Almada Negreiros

Recupero agora um texto antigo no qual descubro algo que me chama a atenção. Tem a ver com a distância, a medida certa em que nos devemos posicionar para obter alguma coisa, como por exemplo enxergar algo. Tal como acontece com outras variáveis, a distância é relativa. Pois, um dado adquirido. Contudo, nos anos 20 do século passado, Edwin Hubble descobriu que todas as galáxias do universo estão progressivamente se afastando; e ainda, que quanto mais longe a galáxia estiver de nós, mais rápido ela se afasta. Conservamos enfim a distância, quando de forma prudente, queremos ganhar tempo, ou simplesmente temos receio. No texto, o efeito da distância sobre a velocidade é tão terrível, que nem dá para respeitar a tão conhecida distância mínima de segurança. Vamos por partes. Então, qual é distância entre 2 pontos? Mesmo aqui, a Matemática é traiçoeira; assim, a distância de um ponto de coordenada positiva à origem é o valor da própria coordenada; no plano, para pontos com a mesma abcissa, a distância é o módulo da diferença das ordenadas; já no espaço, só podemos determinar a distância entre 2 pontos, através do teorema de Pitágoras. Desculpem se entretanto perdi a distância ao texto, era de facto o que me interessava. Estamos distantes, naquela terra distante, com algum distanciamento. Posso agora utilizar o meu comando à distância, para me recolocar, palavra quiçá perigosa. Será a distância uma atitude? “Só à distância se admira alguém, no tempo ou no espaço, porque nos não faz concorrência[i]. O texto vai de fugida, o horizonte mente, perdemo-nos agora, com a ajuda da Física, na distância focal: a distância entre o centro óptico de uma lente delgada e os seus pontos de foco. Mais descansado, olho a fotografia desfocada, descubro o tempo que já passou. Nada está no seu lugar e apesar do longe que se faz perto, a distância lá está, o tempo passa, a distância aumenta. E no entanto diminui, se tivermos em linha de conta o que já falta percorrer. Estranho, há linhas que ainda restam, que de não se cruzarem nos guiam, aproximando o que se parece afastar. Deixo de pensar se vale realmente o esforço, já que na distância que nos une, está a força que nos separa.
Atitude?

11 de Fevereiro de 2009
Alf
[i] "Conta-Corrente 4" , Vergílio Ferreira

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