02 abril 2009



VISEU= 1 – ROMA=0
(com 0-0 ao intervalo)


“…Nadavam piranhas na lagoa escuratamanhas que nunca tal vi

Limpei a viseira, peguei no arpão, mas tive o diabo na mão …”
Zeca Afonso, “Chamaram-me cigano”, 1968

O jogo até que nem começou mail para o Papa de Roma; investe pela extrema direita, centra e marca golo logo no 1º minuto da sua visita a Angola: “não ao preservativo, faz mal à saúde e pode ser pior para o SIDA”. Azar dos azares, o árbitro anula o lance, considerando fora-de-jogo. Acontece. Mas o Papa não desiste, lança-se de novo e mais uma vez pela extrema-direita, corre tanto que sai pela linha lateral, que como se sabe, é o limite da decência, não se deve passar e dá direita (ou melhor, direito) ao lançamento pelo adversário. A 1ª parte desenrola-se a meio-campo, a assistência assobia e dança kisomba ao mesmo tempo. Intervalo. Os jogadores recolhem ao balneário, mas o Treinador do Papa não arrisca qualquer substituição e a 2ª parte recomeça sem sair fumo branco daquela chaminé. Eis senão quando a equipa de Viseu, vendo o adversário sempre a jogar pela extrema-direita, um erro, segundo comentaria depois do jogo Rui Santos, não entendendo a insistência, mas toda a gente entende a razão, deixa lá Rui, este jogo não está ao teu alcance. Num lance de bola parada, o Bispo marca um belo golo “quem tem a doença fatal, deve usar o preservativo, para não transmitir a doença…, acho que foi mais ou menos assim, eu não vi o jogo, não deu em canal aberto. E assim, uma equipa do interior, uma equipa regional do Portugal profundo, vence um jogo, apenas um jogo, mas um jogo pela Vida, contra a equipa do homem vestido de branco, numa terra em que o branco curiosamente é luto.

A FIFA vai agora dar a taça a Viseu e castigar o homem de branco com trabalho comunitário. Eu explico: é que a receita do jogo vai será destinada à compra de 340 milhões de preservativos, que serão distribuídos pelo próprio, em cada um dos países africanos.

Na chamada “zona mista” (eu não sei bem o que isto é, mas ouço sempre nos relatos…) foi muito comentado o resultado e praticamente houve um acordo generalizado, com excepção de César das Neves, Paulo Portas e Arcebispo de Braga.

Não está prevista uma 2ª volta deste encontro, aguardando-se que o Concílio se pronuncie a envie novas normas para a FIFA.

02 de Abril de 2009
Alf

Colaboração de imagem: Cartoon do António, 5 de Dezembro de 1992, na "Revista" do Expresso
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PS: os adeptos do FCP não devem ler este relato, porque pensam que o Papa é o Pinto da Costa...


ANEXO
(acho que vale a pena ler também este pequeno texto)



As Nações Unidas consideraram que, a 12 de Outubro de 1999, a humanidade teria atingido os seis mil milhões de indivíduos. No entanto, contava-se que, por exemplo, em Moçambique, a população deveria ultrapassar, por essa altura, os 19 milhões de habitantes. Quando, ao contrário de todas as estimativas, segundo os dados do Censo de 1997, a população moçambicana andava apenas pelos 16 milhões. E algo de semelhante aconteceu noutros países africanos, onde a população recenseada ficou muito aquém do esperado. Daí que a data apontada pelas Nações Unidas para os 6 mil milhões de pessoas sobre a Terra deva ser vista apenas como meramente simbólica, uma vez que a referida cifra só deve ter sido alcançada uns anos mais tarde. Entre as várias explicações para as discrepâncias apontadas, penso que a principal variável a ter em conta é o efeito do VIH/SIDA. De facto, de há uns anos a esta parte, começa a ser aceite pela generalidade das agências internacionais que o factor SIDA fez cair drasticamente a esperança média de vida à nascença e o respectivo crescimento populacional na África sub-sariana
Antunes, Manuel de Azevedo, 2008


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