18 junho 2009




Uma "lógica" chamada politicamente correcto…










Now watch what you say
Or they'll be calling you a radical
A liberal, oh fanatical, criminal
Oh won't you sign up your name
We'd like to feel you're
Acceptable, respectable, oh presentable, a vegetable!”
“The Logical Song”, Rick Davis – SUPERTRAMP (1984)



Sócrates e Cavaco bem se podem juntar num dueto (sem cordas), embora a probabilidade de lhes dar mais corda, esteja agora provavelmente no grau zero. O Partido Socialista tinha tudo a seu favor, no início de uma legislatura, com maioria significativa, para tomar opções correctas. Claro que isto não é mais que uma frase feita, dado que a interpretação de “correcto” é mais que discutível. De rupturas falo eu e não de tímidas “reformas” que mais não significam deixar mais ou menos tudo na mesma, apesar dos delírios festivos do “simplex”, do “magalhães” (por exemplo) terem dado algum colorido, quiçá enganador. Talvez algumas consciências de boa-fé pudessem ter ficado ofuscadas com a posição do PS sobre a IVG; ou até porventura nalguns casos de sucesso evidente das “Novas Oportunidades”, um avanço democrático para cidadãs e cidadãos que viram finalmente as suas competências reconhecidas. “Nova Oportunidade” que Sócrates não mais terá. E que, em minha opinião, nem sequer merece. Da pompa e circunstância com que foi eleito há uns meses atrás secretário-geral com 97,2% (a comparação de má memória da reeleição do presidente da Coreia do Norte, não passa de uma simples coincidência, claro…), o homem que “calou” no partido as vozes discordantes, ficará para sempre com o ónus da arrogância (a que ele chama “determinação”), do autismo (que ele designa de “falta de propostas alternativas”), do atropelo aos direitos dos trabalhadores (que ele classifica “modernização e flexibilização”), enfim, da má consciência de “esquerda” que pretendeu sempre incutir nalguns incautos (?). E não é por acaso que se volta a falar no malfadado “bloco central”, a terrível mancha cinzenta social e politica, que por essa Europa fora vai infelizmente proliferando, “graças” ao mais que evidente fracasso dessa esquerda travestida, de que o “nosso” PS é um lídimo representante. E se não bastasse isso, ainda por cima toda a direita conservadora e alguma direita nazi-fascista ganham força.

Assustador pois é agora o panorama europeu. O “cherne” é pelos vistos o que está a dar e já se prepara para o segundo mandato. Com o aplauso de Cavaco. E aqui, mais uma vez, o Partido Socialista vai atrás de toda a direita, contribuindo para mais uma presidência de direita da Comissão Europeia. Convém lembrar a propósito que os governos europeus, para além de estarem a pôr em causa o modelo social europeu, estão 40 mil milhões de euros aquém de cumprirem as suas promessas relativas à Ajuda Pública ao Desenvolvimento (1) e permitem a proliferação descarada de todas as tropelias financeiras, alimentando bancos e banqueiros, à luz do liberalismo económico, a cujo modelo estão agarrados e de cujos privilégios afinal beneficiam.

Muito embora eu nada espere de Sócrates e seus acólitos, há decerto dentro deste Partido Socialista muitas pessoas de bem, que abertamente defendem soluções de esquerda, quer para o nosso País, quer para a Europa. Mas claro está eu nada ter a ver (antes pelo contrário…) com este PS.

17 Junho 2009
Alf.
(1) Dados de Maio 2009, constantes do relatório publicado pela CONCORD, a Confederação Europeia das ONG de Desenvolvimento

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