19 julho 2009

ADRIANO


A única salvação do que é diferente
é ser diferente até o fim,
com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade;
no fim de todas as batalhas …
há-de provocar o respeito
e dominar as lembranças"

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'





Partiste. E porque partiste estamos tristes e saudosos, lembrando o amigo, o companheiro de lutas antigas, o camarada, sempre atento às injustiças e à indiferença. Tantos anos de convívio, quantas saudade agora da tua serenidade e atenção; porque sabias sobretudo ouvir e irradiavas simpatia e sabedoria. Mesmo na fase mais aguda da doença nunca perdeste o contacto com a realidade. Adriano, professor de línguas, na latinidade da origem do teu nome, a suavidade constante da tua presença. Adriano, o sindicalista, um homem íntegro, inteiro, na dignidade da sua intervenção, de quem os seus pares sempre disseram: “o melhor de todos nós”. Pena faz que partam assim tão cedo homens desta dimensão, ficamos sempre mais pobres, perante quem faz realmente a diferença. E sabemos que Adriano era diferente, na nobreza da amizade, no porte firme da defesa de causas e princípios que compartilhamos, aprendendo a construir ideais, desconstruindo ao mesmo tempo os mitos e conceitos da indiferença e do medo.

Bem hajas, querido amigo. Aristóteles dizia que “…sem amigos ninguém escolheria viver, mesmo que possuísse todos os demais bens(1) . Nós viveremos todos os dias um pouco por ti, para que, lá de uma outra dimensão que nunca conheceremos, possas eventualmente dizer: valeu a pena VIVER!

19 Julho 2009
Alf.
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(1) Aristóteles, in 'Ètica a Nicómaco'


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