24 setembro 2009



A Cena

Parte 3. Casos, Gafes, Fitas, Gatos e mais coisas interessantes (ou não…)

http://sic.sapo.pt/online/sites%20sic/gato-fedorento/esmiuca-os-sufragios

Não diria que vale tudo nesta Cena. Mas, inundados que somos, praticamente todos os dias, com notícias mais ou menos desencontradas (?), ficamos com a sensação que nos passa ao largo muita coisa, que deveríamos conhecer melhor. Falo de transparência, claro. Ou da falta dela. Podemos comentar, protestar, ficar mais ou menos furiosos, mas de todo impotentes (salvo seja), uma vez que o afastamento é grande. Resta-nos mesmo contribuir como o Voto, afirmação de cidadania. A abstenção só servirá aquelas(es) que contribuem para a confusão.
TVI. Uma empresa privada, de orientação conhecida, despede (no meio da tal confusão), imiscuindo-se na Cena. Para que se saiba, a conhecida “jornalista” que se apresenta (ou apresentava) “ eu sou a MMG”, deu uma entrevista no mínimo provocatória ao DN uns dias antes de a administração lhe ter tirado o tapete. Nessa entrevista MMG chama "estúpidos" aos seus superiores. Aliás, as palavras "estúpidos" e "estupidez" aparecem várias vezes sempre que MMG se refere à administração e muito boa gente. É muito interessante rever a rábula feita pelos “Contemporâneos” que, para além de ter imensa piada, espelha na íntegra forma despudorada, provocatória e despida de qualquer conteúdo jornalístico que a dita cuja senhora utilizava. Mas há mais: é conhecida a forma como tratava os colegas dos outros canais, de “cobardes”, chegando ao ponto de classificar o programa da RTP 2, “Clube de Jornalistas”, como “uma verdadeira porcaria” e dizendo do Sindicato dos Jornalistas, "… pessoas que nunca fizeram a ponta de um corno na vida". Teve pois, em minha opinião, o que merecia. Claro que a Direita em peso apareceu em peso, como era de esperar, particularmente aqueles que no malfadado Governo de Santana Lopes fizeram o que se sabe e que nem vale a pena falar. E o que é perturbante, é que algumas pessoas de Esquerda tenham embarcado na onda, se bem me faço entender..

Das gafes, a melhor terá sido a da tal senhora que queria (quer?) “… parar a Democracia por 6 meses para pôr tudo na ordem”, ao dar autênticos pontapés na gramática da língua pátria, em várias situações, nomeadamente nas aparições nos “Gato Fedorento”, os quais montaram sobre o tema uma verdadeira profusão de asneiras. Também é de rever, para quem não esteve atento.

O Sr. Silva (até me custa recorrer ao Bokassa da Madeira, mas enfim…) deve contudo ter protagonizado a mais insólita gafe desta Cena. E o problema é muito mais que gafe. O dito senhor “desconfia” que anda a ser espiado pelo Governo, há praticamente ano e meio. Vai daí recorre ao Sr. Lima, seu fiel adorno há 20 anos, para abordar um jornalista, montando uma outra Cena. Deu no que se sabe: o dito senhor já foi demitido, o Sr. Silva tem agora mais um “tabu”, a lembrar os tempos em que desbastou os dinheiros públicos, na qualidade de PM. Bem, se de facto tinha desconfianças, não tinha outra solução senão abrir um inquérito e demitir o Governo. Mas a Direita é mesmo assim, retorcida; o Sr. Silva continua (apesar das suas “preocupações sociais”) a ser a imagem dessa Direita, que não queremos (eu, particularmente não quero mesmo!).

Um dado interessante: tendo-se falado muito durante a campanha, na luta contra a pobreza, na luta pela inclusão social, não ouvi, não li, não vi, qualquer dos partidos enquadrar devidamente essa prioridade com os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), um compromisso mundial, assumido nas Nações Unidas em Setembro de 2000, pelos chefes de Estado e de Governo de 189 países, incluindo Portugal, Foi então assinada a Declaração do Milénio, comprometendo-se a lutar contra a pobreza e fome, a desigualdade de género, a degradação ambiental e o vírus do VIH/SIDA. Foi ainda assumido o compromisso de melhorar o acesso à educação, a cuidados de saúde e a água potável. E, para avaliar o cumprimento daquele compromisso, foram estabelecidos 8 ODM ([1]), a alcançar até 2015. Para além de constituir um compromisso de solidariedade internacional, que deve inspirar todos os cidadãos e organizações governamentais e não-governamentais, implica que o futuro Governo do País deve conceder mais e melhor ajuda pública para o desenvolvimento, nomeadamente no que reporta aos países de língua portuguesa. Tal referência poderia fazer contudo toda a diferença, no que significaria uma mobilização para a cidadania global.

Fim do terceiro acto.

24 Setembro 2009
Alf.
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([1]) Os 8 ODM: Pobreza e Fome / Ensino primário universal / Igualdade de género / Mortalidade infantil / Saúde materna / Doenças graves / Sustentabilidade ambiental / Parceria global para o desenvolvimento
In: http://www.objectivo2015.org/pobreza/index.shtml


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