06 abril 2010


Para que serve um Papa?
"Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível, e de repente estará fazendo o impossível."
S. Francisco de Assis




Poderá parecer eventualmente provocatório trazer à liça nesta época pascal, a veneranda figura do chefe máximo da igreja católica, apostólica e romana (ICAR). É de facto isso que pretendo. Porque considero intolerável que o dito senhor tenha permitido a ocultação dos factos relacionados com os monstruosos actos de pedofilia praticados durante 22 anos (de 1950 a 1972) pelo padre Lawrence Murphy. O New York Times (NYT) revelou, na passada semana, que o então perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, J. Ratzinger, tomou conhecimento de que o referido padre tinha sido acusado de maltratar quase 200 crianças surdas numa escola do Wisconsin. O NYT revela ainda que a correspondência mantida em 1996, entre o padre e o então cardeal J. Ratzinger, foi mantida sigilosa durante muitos anos (…). Claro que o Vaticano saiu logo em defesa do Papa, afirmando, de forma completamente desastrada, que ele só teve conhecimento dos fatos quando era tarde, quando o idoso sacerdote já estava muito doente…
Para que serve realmente um Papa? Pode colocar-se este senhor no banco dos réus, ou vamos esperar que a divina providência (acho que é assim que se diz…) faça justiça? Como por exemplo, aquela que serviu em tempos para queimar na fogueira as(os) que não acreditavam na “palavra”? A igreja de então é mais ou menos regida pelas mesmas regras: os dogmas, as intoleráveis tentativas de intromissão na política dos Estados, no fausto de uma hierarquia anquilosada, mas tremendamente eficaz, quando se trata de condenar, excomungar e perseguir os que ousam levantar a voz, na riqueza incomensurável de um Vaticano que gasta rios de dinheiro dos “contribuintes” e prega a caridade aos pobrezinhos como moeda de troca, uma espécie de “responsabilidade social” de referência quase obrigatória de qualquer empresa (…).
Um Papa, sobretudo este, é uma aberração, uma verruga, uma pústula, uma gastrite intelectual, enfim uma coisa contra-natura, um autêntico atentado à inteligência! É, para mim, a chamada ao mundo das trevas, uma ameaça à luz e à cor, ao brilho dos sóis. O branco da impureza e dos maus costumes. A raiva incontida da impotência, perante uma humanidade que se vai libertando das teias de um “aparelho” castrador e violador de consciências (e, pelos vistos, não só de consciências…). Tudo junto, numa mistura de hipocrisia e mentira, no silêncio cúmplice de grande parte das atrocidades, na discriminação das mulheres, utilizando “tempos de antena” para vincular ódio e desprezo pela diferença.
Tal acontece, enquanto membros da dita igreja, mulheres e homens anónimos, se empenham em causas humanitárias, em África, Ásia e América Latina; pessoas simples, diria de boa-fé, que merecem todo o respeito, admiração e estima, porque perseguem uma Missão, defendendo causas e valores universais de humanidade, dignidade e respeito pelos Direitos Humanos. Elas e eles que, nos países em desenvolvimento, lutam pela autonomia das populações, contra as injustiças e contra a exclusão social, por uma cidadania global, activa e responsável. Elas e eles, nada têm a ver com o que digo e escrevo sobre a hierarquia podre, reaccionária e déspota da ICAR, que infelizmente ainda mantém influência decisiva nas camadas menos esclarecidas das populações, manipulando descarada e despudoradamente, do alto dos púlpitos e/ou da varanda do Vaticano.
Não existe Democracia, triste constatação, nesta (como noutras) igreja(s). Não se pode demitir um Papa, o seu poder é “eterno”. O “senhor de branco”, curiosamente sempre branco, auto intitula-se de “representante de deus na terra”, um arbítrio de um alter-ego levado ao extremo, um misto pérfido de arrogância, (mais que duvidosa) superioridade moral e pornografia intelectual.

Há coisas que é preciso dizer, com toda a frontalidade; passadas e divulgadas, quase um exercício de stand-up contínuo, para combater os aristocratas e autocratas dos dogmas e dos fundamentalismos. Estou a falar, a bem dizer, contra a ICAR e seus dignitários, ministros, dirigentes e outros acólitos e súbditos mais ou menos disfarçados, que curtem fidelidade canina a uma instituição (como muitas outras…) a abater politicamente; ao menos, no sentido metafórico do termo. Os que se dizem não-praticantes (coisa curiosa…) que se cuidem também, dado terem também a sua quota de responsabilidade, mesmo que assobiem para o ar, fazendo de conta que não é nada com eles.
A sociedade civil deve pedir contas a estes senhores todos, ao senhor que veste de branco, que mora em Roma e que se pavoneia por toda a parte, espalhando (espelhando?) a confusão nas mentes menos inquietas e menos esclarecidas.
Espero sinceramente que o seu lugar seja o caixote do lixo da História, neste novo século. Espero também, que o falo que o senhor de branco carrega no cartoon, seja o mais erecto possível e que não caia na tentação de perder o tesão…

05 Abril 2009
Alf.

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