05 outubro 2010

VIVA A REPÚBLICA I.R.C!



Uma república sem cidadãos de boa reputação
não pode existir nem ser bem governada;
por outro lado, a reputação dos cidadãos
é motivo de tirania das repúblicas…”
Maquiavel











Quero também celebrar os 100 anos da República em Portugal, de uma forma especial. Que pode ser apenas a minha interpretação. Que espero não seja só a minha interpretação. Que sirva para passar uma palavra de ordem. Estranha que seja á primeira vista, tem uma razão de ser. E não é aquela que pode transparecer da sigla que levará a interrogações legítimas a quem lê. Insubmissão, Radicalismo e Cidadania poderá então ser o lema, para lembrar as mulheres e os homens que a 5 de Outubro de 1910 tiveram a lucidez e a ousadia de derrubar a monarquia e proclamar a República em Portugal. 100 anos é tempo suficiente para pensar pelas linhas tortas. Pensar e agir. Penso agora, imagine-se, nas palavras “sensatas” de Cavaco Silva: “é preciso rigor, bom senso e contenção verbal”. E ainda na unanimidade entre Cavaco e Sócrates, recolhida na comunicação social de hoje: “As comemorações oficiais do Centenário da República ficaram hoje marcadas pela convergência do Presidente da República e do Primeiro-Ministro em torno da necessidade de "coesão nacional", para enfrentar as dificuldades que o país atravessa.” (1) Contraponho:


Insubmissão; o ser crítico, atento e não confortado com a realidade, que é para transformar e não para aceitar como inevitabilidade; o ser livre de espírito e corpo, o querer participar e intervir como agente de transformação; o “ser realista, exigir o impossível(2); quando Sócrates se “revolta” contra a “agitação irresponsável e demagógica”, está a dizer precisamente que nos acomodemos, que sejamos submissos; é contra tal, que somos contra!

Radicalismo; ser radical, defender as suas ideias, mesmo que sejam aparentemente contra o pensamento dominante, único, tão perigoso nos tempos que correm; eram assim os pensadores da República; lutar contra a demagogia “moderna” que tenta confundir radicalismo com fundamentalismo, sabe-se bem porquê.

Cidadania; o ser cidadã(ao) de pleno direito: exigir direitos, sem esquecer os deveres; contra quem quer impor deveres e esquece sistematicamente os direitos; direitos a que temos direito: um salário digno, a igualdade perante a justiça, a inclusão social, a educação e a saúde para todos, uma vida plena de satisfação, numa sociedade igualitária e global.
Para os que pensam que os desmandos da I República contribuíram para o golpe fascista de 28 de Maio, diremos simplesmente a verdade: o golpe não foi feito contra a situação, mas sim contra os ideais e os conceitos. Essa a verdade.

Viva pois a REPÚBLICA I.R.C!
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(1) Jornal Expresso, in: http://aeiou.expresso.pt/cavaco-e-socrates-querem-coesao-nacional=f607440
(2) Pensamento de Herbert Marcuse (Maio 68)

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