18 janeiro 2012

OS AMARELOS





Como é, de um momento para o outro viraram para amarelo? Não, nem por isso, sempre o foram. E, nos momentos decisivos, assumem a sua verdadeira face de traidores do movimento sindical e dos trabalhadores. Até, pelos vistos, dos seus próprios associados, a acreditar nas notícias vindas a terreiro após a assinatura do acordo. Aliás, foi assim que apareceram, uma organização inventada pelo Mário Soares, para lutar contra a unidade sindical. Constituída ao contrário, isto é de cima para baixo, será sempre o rosto da divisão, dos interesses partidários do PS e do PSD /CDS, na capitulação intolerável aos mais elementares princípios de ética sindical. O que não significa que não existam na dita organização, trabalhadores empenhados na luta pelos seus legítimos direitos. O que estão é enganados. Vão sempre a tempo de rever a sua posição. A única organização que defende os trabalhadores é, sem qualquer dúvida, a CGTP – Intersindical Nacional. Assim mesmo.
O pretenso acordo na concertação social, não é pois um verdadeiro acordo. Não passa de uma imposição do governo e dos patrões, para legitimar as alterações na legislação laboral e a instauração de um estado de sítio, em termos de direitos dos trabalhadores. Serve para tornar mais fácil e mais barato despedir e reduzir indemnizações, subsídios, férias e feriados. A CGTP afirma, a propósito, “É um compromisso que coloca o Estado e o dinheiro dos nossos impostos ao serviço dos grandes grupos económicos e financeiros e fragiliza a segurança social, ao forçá-la a financiar as empresas para baixar salários, generalizar a precariedade e, de seguida, enviar os trabalhadores para o desemprego.”Vale a pena atentar ainda no que diz o PM, “Acordo laboral é mais inovador e audaz do que previa o memorando com a troika”. E finalmente no que diz um porta-voz do PS, “Este é um mau acordo”. Entretanto e, para lançar ainda mais confusão, o agente João Proença, diz que “A paz social não está garantida…” Claro que não está, ainda bem que não está!

Não se trata então de um acordo. O problema reside também no aspecto psicológico. Das pessoas e também das instituições. Pretende-se passar a mensagem de que houve um acordo tripartido: governo, patrões e trabalhadores. E esta mensagem vai passando, dia após dia, hora após hora, na comunicação social, vendida aos grandes interesses. Começa sempre da mesma maneira, “foi assinado um acordo laboral entre os parceiros sociais e o governo…”, “…a CGTP pôs-se de fora, abandonando as negociações”. Umas horas depois, já nem se fala da CGTP, mas somente do acordo que foi assinado e … garante apoio da sociedade às medidas do governo…, o governo fica agora numa situação mais confortável, após o acordo assinado…, a nova situação criada pela assinatura do acordo…. Perante este cenário, as pessoas que só lêem os títulos, que só têm tempo, quando têm, de ouvir os telejornais oficiais, passam a ficar automaticamente convencidas de 2 coisas. A primeira, que houve um conjunto de organizações (…) que se esforçaram por chegar a um acordo. A segunda, como sempre, a CGTP auto exclui-se do processo, os mesmos de sempre, nunca assinam qualquer acordo. Todos os portugueses têm que estar unidos, com o se fosse uma equipa de futebol, diz o fascistóide Álvaro, que veio do Canadá ensinar a teoria do pastel de nata e outras alarvidades. A união nacional do antigamente, está de volta, pelas vozes autorizadas e sensatas destes governantes medíocres, de que o Álvaro é porventura o expoente máximo. Vejamos, aos trabalhadores impõem-se as medidas que se conhecem, aos patrões nada é pedido, aos fabulosos gestores que temos oferecem-se ordenados de 45 mil euros mensais, para além de reformas de 9 mil, como o caso do homem do pintelho… Vão ser reclamadas verbas indevidamente pagas pela Segurança social a trabalhadores, sem dizer se que em muitos desses casos a responsabilidade é mesmo do sistema, e os roubos descarados no BPN e no BPP continuam sem rosto. Arrecadar dinheiro mal pago pela Segurança Social, uns tostões, comparados com os escândalos financeiros de Dias Loureiro, por exemplo. E dos outros amigos do Cavaco, o tal que anda por aí a espalhar boa-vontade e caridade, aos pobrezinhos e desfavorecidos e muito preocupado com as desigualdades.

O lema parece agora ser: trabalhar mais a receber menos, com menos direitos e um aumento da exploração com trabalho forçado. Tal e qual!

Sempre e ainda a inevitabilidade. O mesmo discurso de culpabilização, patente nas afirmações dos políticos e comentadores do regime sobre produtividade e competitividade. Um exercício diário e constante, para fazer crer que a falta de uma e a diminuição da outra, são causadas pelos salários dos trabalhadores, pelas faltas ao trabalho, pela apertada legislação laboral, entre outras falsas asserções. Nunca está em causa o desempenho dos responsáveis, gestores, presidentes ou directores. Nunca. Aliás, até há prémios para tal: um autarca, caloteiro a uma empresa do Estado, que passa agora para gestor dessa mesma empresa.
Este acordo significa pois, um retrocesso civilizacional de várias décadas, a nível dos direitos do trabalho, como bem afirmou Carvalho da Silva. Que a Força esteja com ele, com a nossa CGTP e com todas/os aquelas/es que realmente defendem os direitos dos trabalhadores!

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