21 março 2012
Um dia de Poesia e Luta
Um dia como qualquer outro, de certa forma penteado aqui e ali por coisas
boas e outras más, notícias telúricas e aterradoras, polvilhadas com o tempero
amargo da austeridade, declarações mais ou menos parvas dos idiotas que governam
o País, evidências bem pouco evidentes da inevitabilidade, um fascismo branco
numa Europa que cedeu por completo a um império que lembra o antigamente, um medo
que se instala. Enfim, Perdoai-lhes
Senhor/Porque eles sabem o que fazem…. Todavia, há Uma pequena luz
bruxuleante/brilhando incerta mas brilhando/aqui no meio de nós/entre o bafo
quente da multidão, que pode significar a
esperança, se esta não ficar pelo baixar de braços á espera de nada, se for
actuante, onde Tudo é incerto ou falso ou
violento: brilha, onde Tudo é terror
vaidade orgulho teimosia: brilha.
Um dia, pelo menos um, que a Poesia brilhe. E que o Poeta seja heróico como Sena,
terno como Florbela, sensível como Sofia, corrosivo como O'Neill, militante
como Ary. E que o Poema Cante no cimo das chaminés /que se levante e faça
o pino em cada praça, e que seja microfone e fale/uma noite destas de
repente às três e tal/para que a lua estoire e o sono estale/E A GENTE ACORDE
FINALMENTE EM PORTUGAL!!!
------
Referências:- Jorge de Sena: “Uma pequenina luz bruxuleante”
- Fernando Pessoa: “Isto”
- Manuel Alegre: “Poemarma”
- Sophia de Mello Breyner Andresen: “As pessoas sensíveis”