06 fevereiro 2013
O
Sal da Ilha
“… Deu-me
conta dessas ilhas
arquipélagos
ao luar
com
os areais estendidos
contra
a cegueira do mar
Esperando
veleiros perdidos…”
Passeio na Ilha por 18 €. Saímos 9 e meia da manhã, com atraso não significativo, no stress, recolha à porta, passagem pelos hotéis de nome, meliás, barracudas, morabezas e quejandos, quase exclusivamente destinados aos turistas de topo, ingleses, alemães, holandeses e franceses; de topo é uma maneira de dizer, pois como mais adiante se verá, o “topo” é apenas uma forma de medida de ter mais dinheiro.
Buracona, assim mesmo, uma maravilha de paisagem, após uma travessia, que merecia ser feita num todo-o-terreno, que por sinal se faz, mas por um preço fora do nosso bolso de português roubado a toda a hora. As crateras de um solo vulcânico podem ver-se um pouco por todo o lado e há mesmo uma que alguns mais afoitos se debruçam, mesmo ao pé do enorme fosso, aqui não vou, só de longe, com muito respeito.
E, na volta, a surpresa, no meio do deserto, a Terra Boa, onde se pára, para de cócoras se apreciar a miragem: num tufo mais além, a água é uma miragem, onde somente a areia marca terreno.
Salinas.
Minas de sal, que dá nome a ilha, era no tempo colonial uma fonte de receita,
ainda se podem ver no local, os postes de madeira que suportavam uma espécie de
teleférico para transporte do material. As minas de sal datam de 1778, por
iniciativa do português Manuel António Martins, ao tempo um empreendedor,
promove a exploração das minas, abre túnel, recorrendo aos “seus escravos”. No início
do século passado (1920) a companhia francesa Salan du Cape Vert implanta a
estrutura de um teleférico (resíduos na foto). Nos
anos 90, a companhia italiana Sphanina, compra a concessão e explora a seu belo
prazer a entrada na mina, para que as pessoas possam nadar na boca do extinto
vulcão e, apreciar a forma como, sem nada fazer, o corpo flutuar, dada a
fortíssima concentração de sal; a entrada custa 5 €, e para quem quiser, mais
1€ para tomar um chuveiro rápido, para tirar o sal do corpo. Procuro encontrar
uma explicação para tão insólito caso, o guia não hesita em avançar uma
explicação pouco ortodoxa, que aponta para a corrupção entre o privado e o
público, com nomes e tudo, no que parece mais uma cópia grosseira dos maus
hábitos europeus, nomeadamente portugueses.
Enfim,
Lá longe / Inventei o dia azul /E o
desejo de partir /Pelo prazer de chegar /Ao Sul… (a)---