12 julho 2015
QUEREM HUMILHAR A GRÉCIA
Tal como
falou hoje o eurodeputado e
vice-presidente do Parlamento Europeu Dimitris Papadimulis, a verdadeira
intenção do Eurogrupo é derrubar um Governo legitimamente eleito pelo seu Povo.
Tal “hábito” será aliás, pela forma como as potências a mando da Alemanha, uma
coisa absolutamente estranha. Fazer um referendo, ouvir o Povo, ser fiel aos
seus compromissos, denunciar o que a Europa fez à Grécia durante sucessivos
anos, por conta de administrações colaboracionistas ou corruptas, não vergar ao
pensamento único, é realmente demais para um grupo de gente que mais parece
pertencer a qualquer comité regional alemão, tal a fidelidade canina e a recusa
em pensar pela própria cabeça. Entre esta gente está, naturalmente, o PM português,
traidor ao seu povo e destruidor da Pátria.
E falam em credibilidade. Quão credível de facto
pode ser um Governo que é fiel ao seu Povo e cuida dos seus interesses? Quão fiel
pode ser um Estado que foi palco da mais violenta ignomínia, vendido na praça
pública, armado pelos grandes desta Europa que cada vez mais se assemelha ao
terrível directório alemão de triste memória. Não, de facto a Grécia, para vós
não é credível, porque sois vós que quereis definir essa mesma credibilidade,
provando uma vez mais que quereis inclusivamente definir o “comportamento” de
pessoas e Estados. Não, também não aceitamos que seja assim, tereis para sempre
o nosso desprezo.
À medida que as horas passam não podemos ficar
indiferentes ao desfecho desta incrível cena em que nos quereis incluir. Talvez
desta forma estejais a contribuir para que as pessoas finalmente acordem e tal
como Povo grego fez a 5 de Julho passado, vos referendem sempre e cada vez
mais. Tsipras, avisaria dias antes do acto patriótico na Grécia, “…Ao
autoritarismo e à dura austeridade, responderemos com democracia, calmamente e
de forma decisiva.” Muito embora a dureza cruel da situação e o cerco que é
movido ao País tenha precipitado uma proposta que nunca estaria nos planos do
seu Governo, a verdade é que a dignidade não se perdeu. Antes pelo contrário, o
Governo grego vai, uma vez mais, lutar por si, pelo seu País, por uma Europa inteira,
pela dignidade que parece perdida, por uma voz que fala e que não se pode
calar, contra quem pretende silenciá-la.
Pode a Grécia sair? Se a questão fosse simplesmente
essa, do ponto de vista de quem pretende impor o pensamento único e liquidar de
vez qualquer insurreição, diríamos que já está fora. Outras questões,
igualmente decisivas, estarão porém em jogo no difícil e intrincado tabuleiro
de interesses internacionais, a saber a tal geopolítica de que tanto se fala e
faz mover estados e nações e conjunturas financeiras que se sobrepõem à lógica,
pretensamente simplista e vulgar de pensar nas pessoas. Irá porventura
desenhar-se um equilíbrio, como em outras situações, ou a sanha ideológica prevalecerá
e precipitará um desfecho, mais uma vez, punitivo e chantagista?
Até ver, os povos não adormecem permanentemente, nem
que a situação de torpor que ora se vive o possa prever. Alguém se há-de
importar um dia. Brecht avisou na altura do perigo fascista, “Primeiro
levaram os negros/Mas
não me importei com isso/Eu
não era negro/Em
seguida levaram alguns operários/Mas não me importei com isso/Eu também não era
operário/Depois prenderam os miseráveis/Mas não me importei com isso/Porque eu
não sou miserável/Depois agarraram uns desempregados/Mas como tenho meu emprego/Também
não me importei/Agora estão me
levando/Mas
já é tarde…”
O Governo da Grécia, pelos vistos, importa-se, é
tempo de fazermos o mesmo!