18 outubro 2015
INQUIETAÇÃO
“Uma inquietação enorme
fazia-me estremecer os gestos mínimos…
O meu coração batia como se
falasse.”
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
“Há
sempre qualquer coisa que está para acontecer”[1].
A
inquietação que nos habita, encaixa na incerteza, ou na certeza de qualquer
coisa em que queremos acreditar ser possível. De qualquer forma, poderá ser o
reflexo de uma utopia antiga, perfeitamente compreensível para quem não se assume
na mediocridade, na inevitabilidade, no pântano do calculismo, enfim na sombra.
Mesmo
sem saber o que vai acontecer, acreditamos que é possível. E será de facto possível,
por acreditarmos. É preciso sempre fazer algo, a inquietação é agora sinónimo
de movimento. No sentido claro da mudança, da forma de ver as coisas, um
movimento de superação, uma reacção proeminente, um salto que até pode ser no
escuro, mas que decerto quer trazer a luz.
Há
quem goste de cultivar um pensamento negativo, resguardando-se na retranca para
não ter surpresas que podem, segundo a corrente, ser desagradáveis.
Porque
não cultivar a esperança, na vertente revolucionária do pensamento em constante
movimento?
Afirmações
e posições retrópicas somente servem para semear desconfiança e temerosos
receios. Ir por esse caminho, pode induzir segurança, mas decerto que melhor
encaixa no imobilismo em que alguém nos quer certamente encaixar.
“Cá dentro
inquietação, inquietação…”, canalizada seguramente para a acção. Que pode
ser determinante na percepção da partilha, sintoma mais que certo da revolta
interior. O que pode potenciar insubmissão e, consequentemente, acção.
O estádio supremo da inquietação eleva a
consciência da Cidadania.
Inquietemo-nos
pois!