18 janeiro 2016
ESTA SEMANA É DE VEZ!
“Não
é fácil ter paciência
diante
dos que têm excesso de paciência”
Carlos Drummond de Andrade
Por todo lado em que se fale das Presidenciais
um pormenor fica para a história. O papel da comunicação social. Não somente o
da estação televisiva que ajudou a promover, a fabricar, um homem presidencial
e que o catapultou para os píncaros da fama etérea. Não somente. Mas também o
da grande maioria da comunicação social, ouvida e falada, escrita e vista, com
um enorme séquito de comentadores, painelistas e politólogos, que se
desmultiplicaram, opinando sempre para o mesmo lado, sempre da mesma forma,
utilizando duvidosos critérios de análise, conseguindo milagrosamente chegar
sempre a mesma conclusão: havia um candidato, era uma pessoa conhecida, muito
popular, muito bem informada, muito rodada nos labirintos do poder
estabelecido, muito cordata, muito sensata, muito culta, muito sabedora, muito
muito e sempre muito, enfim. Porém ter-lhe-á caído a máscara no debate com
Sampaio da Nóvoa, que bem o encostou às cordas. Deixando a sua postura
sorridente e beatífica, concorda com tudo e o seu contrário, apoia e
cumprimenta todas e todos, a democracia, os partidos e os sem partido, os
pobres e os ricos, os trabalhadores e os empresários, as empresas e os bancos,
os famintos e os gulosos, os preguiçosos e os laboriosos, tudo o que mexe e o
que está parado. A civilização moderna tem o privilégio de ter um homem assim,
acima de tudo e de todos, pairando no aquário da TV, olhando para o Povo com a
mística do educador e do pai presente e ausente. Sempre ao mesmo tempo.
Uma campanha barata. A mais terrível das
mistificações, a mais despudorada postura de arrogância, o maior desprezo pelos
portugueses. Damos umas passeatas pelo País, alinhamos numas “comezainas”,
entramos em meia dúzia de cafés, somos eu, a estrela da televisão transformada
à pressa em candidato. Assim é o marketing político, lançamos um produto,
criamos a necessidade, está tudo feito. Vendemos a eterna ilusão de que está
tudo bem, que o “tudo bem” serve mesmo para tudo, para a Direita, para a
Esquerda, isso mesmo, o politicamente correcto levado ao absurdo extremo, o
deus e o diabo na mesma pessoa, tudo é mesmo possível, desde que se faça um
fotogénico sorriso, um pode e não pode, tudo fica na mesma, por milagre, como
uma varinha de condão constantemente brandida na cabeça do pobre cidadão, ele
até é boa pessoa, simpático, bondoso, etc, etc…
Sondagens para o gosto de quem as fabrica, de
uma forma profissional e meticulosa. Apontando sempre na mesma direcção.
Atenção, esta maioria durará até quando? Não pode durar sempre e por isso se
torna necessário prever o que irá acontecer se houver desentendimento, se o
acordo, ou acordos, se quebrarem, é preciso saber o que fará, que decisão
tomará, dissolve ou não dissolve, nomeia ou não nomeia, apoia ou não
apoia? A uma senhora perguntaram até
quanto tempo previa que este governo se iria manter, ainda antes de ele tomar
posse (…). Assim se faz Portugal.
Mais uma semana. Só faltam 5 dias para o final.
Vale a pena o esforço para derrotar o mito, nesta primeira volta. Que muitos
dão como já resolvida, há muito tempo. O que é certo é que as expectativas que
mais certas parecem, podem sair furadas. Queremos que lhes saiam furadas. Nada
está resolvido, tudo pode ser possível. Arrastar a decisão destas eleições para
uma segunda volta é trabalho de todas e todos aqueles que acreditam de facto na
Democracia, na Liberdade. E também que a mudança é possível, neste tempo dito
novo, imagem bela e de esperança. Mas também da certeza que temos em acreditar
no País e nas pessoas.