08 janeiro 2016
TUDO E O SEU CONTRÁRIO
“Antes
de mudar de ideia,
certifique-se
primeiro de que já tem uma..)”,
Albert Brie
1. O debate entre Nóvoa e Marcelo mostrou ao País o que é e que não é um
verdadeiro estadista. Ou mesmo, um autêntico candidato presidencial. Marcelo sai
do armário e mostra ao país a verdadeira face, colérico, irritado e
intolerante, um homem que acossado, se revelou afinal bastante previsível. Resulta
pois confrontá-lo, quanto mais não seja, com ele mesmo, receita que Nóvoa
aplicou com sucesso assinalável. Confrontado assim com as suas proporias
contradições, descontrolou-se, perdeu o equilíbrio, meticulosamente cuidado
durante anos e anos na TV, que bem poderia apelidar-se de TV Marcelo[1].
O homem pensava que eram favas contadas, protegido pelos barões de uma
comunicação social amestrada e orquestrada, pelos patrões das empresas de
sondagem (vota Marcelo ou vota noutro…?), pelos colegas comentadores,
painelistas, politólogos e outros associados, dos jornais, das rádios e das TV.
Como bem afirma Pedro Reis[2], “O deputado e líder do PSD tornou-se num
heterónimo candidato independente, que nada tem a ver com os partidos. O homem
que participou nas campanhas eleitorais de Passos Coelho e Paulo Portas, passou
a um ser um heterónimo virgem nestas andanças”.
Este debate deveria ter ocorrido em canal aberto. Desta forma, as
portuguesas e os portugueses poderiam ter visto a verdadeira face de Marcelo, o
homem que surgiu das profundezas do aquário da TVi, águas mornas de refúgio e
recato, longe do tal povo que agora lhe surge tantas vezes na boca, mas que não
enquadrada lá muito bem com a sua imagem de vedeta de estúdio. Esse povo teria então visto o homem perder
quase tudo numa noite, ou melhor em apenas uma escassa meia-hora. Na realidade,
perdeu tudo. Perdeu em argumentos, ficando provado (seria mesmo necessário?)
que é capaz de defender tudo e o seu contrário. Perdeu na dimensão de
estadista, não se tendo conseguido descolar devidamente da facção que o apoia e
do cavaco que o chamou para seu conselheiro. Perdeu na verdade dos factos, não
foi ele afinal que votou contar o Serviço Nacional de Saúde, nos primórdios da
Revolução, não foi ele (todos lhe reconhecemos a habilidade…) que criou dezenas
e dezenas de “factos políticos”, que lhe valeram a alcunha de cata-vento
político? Perdeu na pose, na compostura e no decoro, passou as marcas (nem
parecia ele…) da decência “normal” e cordata, tão na linha da habitual imagem
angélica e beatífica.
2. Do outro lado não estava porém uma pessoa qualquer. Sim, esteve um
Português, um homem a quem ninguém pode imputar intriguismo, puro tacticismo,
ou baixa política, na vida pública. Igual a qualquer outro cidadão (“apenas mais um de vós…”), que procura o
melhor para o seu País. Não tem um percurso político-partidário habitual? Tanto
melhor, que pelo menos tal não significa qualquer estigma, com todo o respeito
para quem o possua. Um homem comum, digno da sua palavra e do seu compromisso,
assumido pelo País. Um homem a quem se reconhece o devido mérito pelos lugares
públicos que desempenhou e que honrou com dignidade. Um homem que defende a
Cidadania, que disse ao que vinha no tempo devido. Não é tudo e o seu contrário. É um homem de causas, que podem mobilizar
o País. Um homem que promete “… uma
ampla discussão pública” sobre a Europa e a participação de Portugal no projecto
europeu, que afirma que “É preciso trazer
a vida para dentro da política, com humanidade. É preciso unir uma sociedade
rasgada, juntando os portugueses, as portuguesas, numa luta comum, sem medo de
existir…”. E que diz, com muita clareza, “Só conseguiremos construir um país à altura dos desafios globais do
século XXI se conseguirmos vincular as novas gerações e aproveitar o seu
dinamismo e a sua capacidade de renovação. É também por isso que não podemos
aceitar a emigração da nossa juventude qualificada, da nossa ciência e do nosso
conhecimento”.
3. Que diferença!...
[1] TV
Marcelo, é uma empresa Nacional com 50 anos de experiência no ramo da Assistência
Técnica ao domicilio e especializada em Reparação TV; in: http://tvmarcelo.com/
[2]
https://www.facebook.com/pedro.reis.79230?ref=ts&fref=ts