08 outubro 2016
































PIRELIÓFERO
Nome pouco comum, que evoca o “pir” de fogo e o “hélios” de sol e liga “forus” que conduz. A máquina que conduz o fogo do sol.
Em quatro fantásticos dias, dos Arcos de Valdevez a Sorède, atravessando a Espanha, calcorreando a Catalunha e os Pirenéus Orientais, tanta gente boa que conhecemos ou simplesmente reencontramos. Fizemos a homenagem ao Homem que desde finais do século IXX até aos anos trinta do século XX, de Portugal a França aos Estados Unidos da América, haveria de levantar bem alto a bandeira do Conhecimento. E ainda, as bandeiras do Desenvolvimento e da Sustentabilidade, da Ecologia, da Ecosofia, enfim da Ciência, da Técnica e da Tecnologia no espírito do Humanismo.
O dia 29 de Setembro 2016 ficará marcado pela inauguração do Pireliófero. As intervenções desse dia haveriam de lembrar como foi possível chegar até aqui e ter diante de todos, não só a máquina, mas também aquelas e aqueles que contribuíram para que tal fosse agora possível. 
Jacinto Rodrigues, o académico português que há muitos anos vem pesquisando e divulgando a obra do Padre Himalaya, brilhou em Sorède, como só ele sabe, historiando e contando estórias. Filosofando sobre a sustentabilidade, rebuscando a vida do MAG Himalaya, trazendo para o sol do dia, o sol da energia aplicada mesmo ali na sua frente.
Estivemos em Sorède em homenagem ao Homem, ao cientista e a sua obra. Uma réplica da máquina, que haveríamos de apreciar, na sua imponência majestática e na sua tremenda presença. Todos os que estiveram na manhã de 29 de Setembro puderam testemunhar a figura incontornável daquele que bem poderia figurar como o Leonardo Da Vinci português, dada a sua capacidade de antecipar questões ligadas ao Desenvolvimento, nas mais variadas esferas do conhecimento, da química à electricidade, da mecânica à termodinâmica. Mas ainda, da arquitectura dos territórios à hidrografia, das questões económicas e sociais.
O denominador comum de todas as intervenções centrou-se no paradigma "Usando o passado para construir o futuro, " tendo por base as energias renováveis e naturalmente, o forno, como precursor para o meio ambiente e desenvolvimento sustentável, a natureza, elemento do nosso planeta.

No dia seguinte, subimos a 750 metros de altitude para ver o local onde o Padre Himalaya construiu o primeiro forno solar. Caminho de pedras, caminho de cabras, sempre a subir, tal como o encanto e a emoção. Imagino o Manuel Gomes a subir, quiçá com um burro carregado de espelhos e outras peças de maquinaria. Tudo para conseguir captar ou capturar um sol que nunca o abandonaria e que ele “perseguia” com o intuito de poder desvendar a sua enorme força energética, ainda para mais ao alcance de todos, de uma forma sustentável. Pedras e mato, no caminho da energia, esta a espreitar por entre a imensa floresta, escondida no mais recôndito sítio. Ela que se oferece a quem a quiser entender, a quem a quiser aqui buscar. E usar, a bom proveito para os fins que se entender.
A natureza a funcionar, sim. Sobes e sentes oxigénio a mais, num ar mais difícil de respirar, as pernas a tremer. Lá em cima o sítio exacto, onde no ano longínquo de 1900, o Padre Himalaya haveria de construir a primeira máquina que conduz o fogo do sol.

Vale sempre a pena lembrar a Obra e o Homem. O evento de Sorède foi um exemplo vivo da Ciência, Técnica, Tecnologia e Humanismo. Face ao já previsto esgotamento dos bens naturais e das energias convencionais ou fósseis e ainda a destruição alargada da biodiversidade, é imperioso abordar todas as questões ligadas ao Desenvolvimento. Sob os seus mais variados ângulos como a que reporta à contaminação tóxica e à poluição global do ar, da água, da terra e dos organismos vivos. Um desenvolvimento sustentável, ecologicamente sustentável, social, ambiental e politicamente empenhado, na construção de um novo modelo global para erradicar a pobreza, na promoção da prosperidade e o bem-estar de todos, na protecção do ambiente e no combate às alterações climáticas, seguindo assim o compromisso da cimeira das Nações Unidas de Setembro de 2015.

Aquilo que possamos fazer pela Natureza e pelo Homem, nela enquadrado e cúmplice directo da sua sustentabilidade, decerto determinará o futuro do planeta.

Padre Himalaya!

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