21 novembro 2016

POBREZA ENERGÉTICA CADA VEZ MAIS PERTO DAS NOSSAS CASAS

 http://www.edificioseenergia.pt/pt/a-revista/artigo/pobreza-energetica-cada-vez-mais-perto-das-nossas-casas


O conceito de “pobreza energética” foi introduzido pela investigadora britânica Brenda Boardman, nos anos 90 do século XX. Retrata a situação das famílias que possuem uma renda limitada, ou mesmo nenhuma, para pagar as necessidades de energia doméstica. A pobreza energética também é considerada quando as famílias não podem dispor de (pelo menos) 10% do seu rendimento para custear a factura energética. O trabalho de investigação de Brenda, que já foi directora do Lower Carbon Futures e assessora da direcção do UK Energy Research Center, é dirigido para a redução da demanda de energia em toda a economia do Reino Unido, em particular para o edificado. Em 2008, existiam só na Inglaterra, 5 milhões de famílias em situação de pobreza energética.

Com a aproximação do Inverno, rigoroso em algumas zonas do nosso País de que Trás-os-Montes é um bom exemplo, imaginamos pelo menos 30% da população dessa região, passando muito frio e entregue a sua sorte, por não possuir as condições mínimas para se aquecer. O caso particular da freguesia de Rio de Onor, em Bragança, retrata 75% dos habitantes em pobreza energética. Os dados da OMS para Portugal, datados do ano 2008, já revelavam uma taxa de 28% da população portuguesa em situação de pobreza energética. Não esqueçamos que a situação de desemprego continuado, que afecta muitas famílias, acarreta necessariamente incapacidade para pagar água e luz, uma dramática tragédia social dos tempos que correm, onde as necessidades básicas deveriam estar protegidas e devidamente salvaguardadas. Estamos na Europa, em pleno século XXI.
Um estudo recente, integrado no projecto ClimAdaPT.Local – Estratégias Municipais de Adaptação às Alterações Climáticas, uma parceria de 26 autarquias portuguesas e da Agência Portuguesa do Ambiente, concluiu que, em média, 29% da população não tem capacidade de aquecer as casas no Inverno nem arrefecê-las no Verão.

Vale a pena lembrar um dos compromissos, a nível mundial, traduzido no Objectivo número 1, dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), “Erradicar a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares”. A luta por este objectivo passa necessariamente pela consideração da pobreza energética, como uma das facetas preocupantes da pobreza em geral.

Fernando Alves, na sua crónica (Sinais) de hoje na TSF, fala da pobreza energética como um epidemia, que atinge hoje em Espanha, aqui tão perto, 5 milhões de pessoas, a propósito da morte de uma ansiã de 81 anos de Reus, por incêndio provocado pelas velas que usava em sua casa, após o corte de energia por falta de pagamento. “Velando a noite antiga” chamou ele a sua crónica, onde diz que “velar é permanecer aceso”…



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