26 maio 2017
NATO, não, por favor!
A Organização do Tratado do Atlântico Norte /North Atlantic Treaty Organization, ou
simplesmente NATO, por vezes chamada Aliança Atlântica, é uma aliança militar intergovernamental baseada no Tratado do Atlântico Norte, que foi assinado em 4 de Abril de 1949.
Esse ano (1949)
iria marcar a história da Europa, devido em primeiro lugar ao facto de ter sido
assinada a Convenção de Genebra sobre o direito humanitário nos conflitos
armados. É o ano da criação do Conselho da Europa, em que se incluem princípios
como "… a defesa dos direitos
humanos, o desenvolvimento democrático e a estabilidade político-social na
Europa". É ainda neste ano que é criado o COMECON, o Conselho para
Assistência Económica Mútua que visava a integração económica das nações do
Leste Europeu. É também o ano em que é fundada a República Popular da China. E
que, na Europa se institucionalizam a RFA, República Federal da Alemanha e a RDA,
República Democrática Alemã
O nosso País vivia sob a ditadura fascista, o tal Estado Novo, inventado
por Salazar e fiel a todos os regimes autoritários e nazis, de Espanha, Itália
e Alemanha. É de recordar, com alguma ironia, que o regime vai contribuir para
a formação da NATO, cujo tratado (Tratado do Atlântico Norte) incluía a adesão
aos princípios da Carta das Nações Unidas e o desejo de viver em paz com todos
os povos e com todos os Governo, quando nem sequer era membro da ONU.
A “cooperação pela Paz”, um compromisso que, nas palavras do Secretário Rasmussen,
em Maio de 2009, "…ultrapassasse fronteiras e divisões
ideológicas do passado e que contribuísse para construir a paz e a segurança
através da consulta, da cooperação e acções comuns baseadas nos valores comuns
da democracia, das liberdades fundamentais e dos direitos humanos", é
hoje, com aliás sempre o foi, a manifestação da mais descarada hipocrisia e o
embuste mais abjecto do lado negro de uma Europa, que caminha a passos largos
para o abismo das desigualdades e das injustiças e do domínio imperial.
A NATO é na actualidade, como sempre o foi desde a sua criação, um bloco
político-militar destinado a servir a dominação do imperialismo
norte-americano. Sempre subordinada a uma feroz campanha anti-soviética movida
pelos EUA, mantém ainda hoje as características de uma aliança belicista de
cariz reaccionário e anti-comunista. Durante anos a fio, a NATO sempre tentou
impedir qualquer transformação de carácter progressista nos países signatários,
não sendo preciso invocar aqui o caso do nosso 25 de Abril…
A história da NATO está na realidade manchada de sangue. De terror e
corrupção também. Chamando as coisas pelos nomes, a NATO é um instrumento de
ingerência e agressão. Inúmeros exemplos de criação de exércitos clandestinos
para desenvolvimento de operações terroristas, por toda a Europa atestam a
forma como paulatinamente a guerra voltou à Europa. Invoca-se como “bom
exemplo”, a responsabilidade da NATO no desmantelamento da Jugoslávia, um
horror de atrocidades e crimes que despoletou e patrocinou. Lembra-se também a
complacência da NATO com a invasão de Chipre pela Turquia. Ou ainda, a campanha
de massivos bombardeamentos aéreos da NATO, executada à revelia da ONU e em
violação das próprias normas internas da Aliança, para além dos milhares de
vítimas civis – designados por “danos colaterais” – e do alto grau de
destruição causados, até à ocupação ilegal e secessão da província sérvia do
Kosovo e pela sua transformação numa enorme base militar da NATO.
A defesa da Paz e dos Direitos Humanos nada tem a ver com este instrumento
bélico e imperialista que dá pela designação de NATO. A defesa do seu
desmantelamento completo é um princípio da mais elementar justiça e da
manifestação da aspiração dos povos de toda a Europa. É apenas uma fase da sua
própria libertação.
Não esqueçamos que o verdadeiro desígnio da NATO é apenas um: emergir como
força de “segurança global”, substituindo, subalternizando e instrumentalizando
ainda mais a Organização das Nações Unidas (ONU).
Hoje, como ontem, como sempre, manifestarmo-nos contra a NATO é uma
afirmação de LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE!