27 outubro 2017

AS SINISTRAS VOZES DA REACÇÃO














As “velhas senhoras” assentaram arraial na cena política. As “novas” também. Fica-lhes bem aquele ar enfastiado, que podia ser de “tias”, ou simplesmente de molengonas urbanas que pensam (e dizem) que têm uma missão a cumprir em prol do País. O género delas (ou a sua qualidade) não é naturalmente para aqui chamado, a não ser em alguns casos, em que corresponda. Elas ou Eles, pois. O que conta afinal é mesmo a atitude ou a falta dela, compreende-se bem quando ou como se aplica. 
Estão em todo o lado. Passeiam displicentemente a sua ignorância, deixando de quando em vez aquele toque de pretensiosismo que tão bem as caracteriza. Invejosas e arrogantes, vão arengando nos palcos onde são sempre bem-recebidas e misturam-se tão bem com a mediocridade, até se confundirem com ela.

(Elas e Eles, portanto)
Se toca a rebate por alguma “causa popular”, é vê-las à frente do touro, na rua, em casa ou nos gabinetes, infestando o (nosso) ambiente com o bafo e o hálito podre de má-língua e do comentário de baixo nível. 
Não sabem nada de coisa nenhuma, mas sabem (ou pensam que sabem) sempre de tudo um pouco. Não jogam, nem arbitram, nem sequer servem para apanhar bolas, de tão desengonçado que é o seu jeito abstruso. No entanto, irão sempre pôr-se em bicos de pés, para levarem com as palmas que são para os outros. A sua imbecilidade produz um incrível ruído, incapaz de ser qualificado e quantificado. Na prática são lixo, daquele tipo não reciclável, daquele que impesta. 

(E contudo, movem-se)
Quando estão com a corda toda, pulam e saltitam, cheios de afectos e de consensos. Quando lhes falta a dita, recorrem aos escravos que as rodeiam para lhes fazerem o trabalho sujo. Aprenderam nos bancos de escola a filosofia barata do deixa-andar, temperada aqui e além com doses pífias de social-democracia, a mais balofa das filosofias políticas, cheia de lugares-comuns e de conversa da treta para enganar, mas que é todavia, a fonte de inspiração e de conteúdo para as diversas tribunas, comissariados e redacções. Tentam produzir (e conseguem) factos rasteiros na cena político-social e atropelam-se uns aos outros, na ânsia de construir cenários artificiais, com um objectivo imediato e que apenas existem nas suas mentes distorcidas. São os burgueses, do saudoso Brel, a quem apetece “mostrar as boas maneiras” e não só. Afinal, “Les bourgeois c'est comme les cochons/Plus ça devient vieux plus ça devient bête”. Nada do que dizem, pensam ou fazem interessa à imensa maioria das pessoas. O país delas e deles existe noutra dimensão.

(Princípios?)
Em princípio não os têm de todo. A elas e eles se aplica o que dizia Grouxo Marx, “Estes são os meus princípios, mas para quem não gosta, tenho outros”. A mesquinhez de carácter e o vazio completo dos seu pensamento, são traços fundamentais de personalidades distorcidas. Será difícil encontrar alguma lógica interna de raciocínio no seu pensamento, a não ser a voraz gritaria demagógica, ou a esperteza velhaca e torpe da sua presença. Nessa linha de raciocínio, a sua função confunde-se com a acção, o que em última instância significa uma completa ausência de estratégia, e uma submissão voraz ao mais puro tacticismo. Assumem-se, entretanto, como representantes do povo e capazes de interpretar a “vontade colectiva”, uma coisa que aliás nem sequer existe, já que a sociedade sempre terá conflitualidade de interesses. E, ao “interpretar” à sua maneira, provocam um desastre imenso ao avanço das civilizações. São Elas e Eles que (desgraçadamente) comandam movimentos, partidos, estados e nações, causando uma distorção completa no relacionamento com os cidadãos. São obstinados e consequentemente perigosos, quer à saúde pública, quer à saúde mental. Misturam-se e fundem-se com sociedades anónimas, dando origem a uma estranha estirpe de seres andróginos e apedeutas, verdadeiramente inaptos para aceder à noosfera.
Mesmo queimados e destituídos, querem sempre incendiar tudo que lhes apareça à frente, ao lado, em cima e em baixo, para depois se lançarem contra tudo aquilo que conflitue com os seus pérfidos interesses.

Cuidado com Elas/es!


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