01 outubro 2017

Musicando(...ouvindo as águas do Douro)


A parte boa da música é que, 
quando te atinge, não sentes dor alguma...”
Bob Marley

Hoje é o Dia Mundial da Música!
Estivemos ontem em reflexão, para saber o que deveríamos hoje ouvir. Uma sinfonia de Stravinsky, uma área de Puccini ou de Offenbach, uma canção do Zeca Afonso? Sem prejuízo de qualquer um destes (tanta escolha), recomendo a Bella Ciao, uma canção popular do século XIX, que depois, em plena 2ª Guerra, se tornou um símbolo de luta e da Resistência contra o nazi-fascismo. 
Precisamos da Música, não só para ouvir (há quem não o consiga), mas também para sentir, seja de que maneira for. Escolhemos sempre a música que queremos ouvir e/ou sentir. Conforme o nosso estado de espírito optamos, romanticamente por uma "Barcarolle”, por um “The Dock of the Bay”, para a solidão, por um “Danúbio Azul”, para dançar, ou por um “Roadhouse Blues”, para simplesmente ir por aí... 
(A música é uma escolha)
Selectiva, sim.  Decidimos por nós próprios, temos então a música que queremos. Outra coisa muito diferente é alguém que nos quer dar música. Aí, temos também que decidir, ou aceitamos a música que nos querem dar, ou recusamos de todo.
Vivemos constantemente no delírio de uma sociedade de consumo que, por vezes nos “delicia” com toneladas de música, como o objectivo de nos moldar a um sistema que tentamos repelir.
(Como é diferente a nossa música...)  
No dia em que a imaginação nos leva da freguesia à Catalunha, há tanta “música” no ar. Que sentimos, mesmo sem a ouvir. Fala-nos da igualdade social, da democracia popular, da reversão de políticas perversas, do respeito pelas pessoas. Mas há também falas diversas, de intolerância, de ressentimento, de privilégios, de rendas para uns poucos, necessárias para “alimentar” a economia.
Na impossibilidade prática de assimilar informação tão distinta, há quem prefira nem ouvir, nem sentir. Ficam no sofá, digerindo um qualquer reality show, uma conversa de treta, ondem entram todas as queixas e onde se diz que são todos iguais, que querem é mandar, etc..., etc...
Nós não!
Então, voltamos ao início. Lembramos o “Pássaro de Fogo“ e dançamos com o Rei, no seu reino mágico. E pedimos, com o Zeca, que venham mais cinco (pelo menos), porque parece que há por aí “...quem queira deitar abaixo o que eu levantei”.
(E, na freguesia)
Lembramos o Douro (poderia ser o Tejo) e o rio que corre pela minha aldeia, discordando do Poeta ou concordando, quando ele se desdiz: “É mais livre e maior o rio da minha aldeia”.
(E pensamos em Barcelona)
Que "Nessun dorma" (ninguém durma), evocando a proclamação da Princesa e pensando num amanhã diferente, quiçá livre da submissão, livres de um governo tenaz e corrupto.  

(Hoje há música!)
Pode ou não estar do nosso lado, como o tempo. Mesmo assim, música. Porque eu a escolhi. Porque eu decidi. Porque eu também conto, é o meu poder a falar mais alto.
Nesta manhã de Outono, os catalães saudaram o Sol, pelas 5 da manhã. Quem sabe se cruzaram com algum invasor, oh Bella Ciao:
Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
e ho trovato l'invasor...”

Musicando, decidindo e ...VOTANDO!


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