11 março 2018

BRANQUEAR O PASSADO EM LAMEGO

Ouvir a Assunção Cristas em época de Congresso do seu partido é a mesma coisa que ouvir uma anedota. Mal contada, pois claro.

Comecemos pelo principio, que é segundo se consta, porque onde começa tudo.
A senhora em questão não apareceu do nada. Foi colocado na liderança pelo seu "colega" Paulo Portas, no preciso momento em que aquele se desinteressou pela política activa (pelos vistos) e resolveu trilhar outros caminhos, deixando espaço a esta senhora.
Que, como sabemos, foi ministra de um dos governos mais execráveis que Portugal já teve, responsável pelo empobrecimento do País e pela submissão completa às exigências da ganância financeira, nos anos da chamada crise, como o foram aliás a Grécia, para citar apenas um exemplo paradigmático da subjugação ao capital abutre, que tenta da forma mais violenta, submeter os povos à pilhagem e ao triunfo da mais desmesurada falta de escrúpulos. Foi esse governo cobarde e iníquo, de que Cristas fez parte, o responsável pelos índices mais altos de pobreza de Portugal, pelo ataque à Escola pública, ao Serviço Nacional de Saúde, enfim, ao desmantelamento dos serviços e dos bens públicos. 
Mas não é só. Esta senhora foi responsável pelas medidas mais incríveis contra a Natureza. Foi o governo, em que deteve a pasta das Florestas, que cortou o orçamento do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em um quarto, entre 2011 e 2015. A estratégia assente nas fileiras florestais, na gestão florestal e na defesa da floresta, foi completamente destruída, com a redução das estruturas e a eliminação da defesa da floresta. Aliás, em 2011, esse governo revogou, por exemplo, o regime jurídico de acompanhamento da gestão florestal que impedia a selvajaria de novas plantações e obrigava à responsabilidade pessoal dos projectistas.  A lei, que fez aprovar e que revogou a anterior, viria a ser conhecida como lei da liberalização do eucalipto. Cristas foi, na realidade, a Ministra dos Eucaliptos, que pessoalmente teve a tutela da política florestal durante quatro anos e que agora vem dizer que podia ter feito mais... Só se fosse mais asneira e mais violação de regras ecológicas e ambientais.
Mas é ainda a regulamentação estreita das leis laborais, no sentido da liberalização, que esta senhora e os seus "amigos" defendem. Aliás, ela própria tem afirmado (tem o desplante imenso de afirmar) que foi essa liberalização que potenciou o crescimento económico e o aumento de postos de trabalho, uma das mais iníquas teses que a Direita ostenta e que não tem (como poderia ter?) a menor credibilidade. Podem, pois, contar com ela (nomeadamente com ela) para a luta contra os direitos dos trabalhadores e contra o trabalho digno, pois ela pensa precisamente o contrário do que nós pensamos. Podem também contar com ela (nomeadamente com ela) para empobrecer mais ainda os mais idosos e com menos posses, no que diz respeito à pretendida capitalização da segurança social. Podem finalmente contar com ela (nomeadamente com ela) para defender o ensino privado, na tal igualdade de oportunidades que a Direita toda defende: o ensino privado, como escolha dos ricos, mas não só, uma vez que pretendem secundarizar a Escola pública, em detrimento de uma escola paga.
Por isso mesmo, as 3 prioridades escolhidas pela senhora Cristas, para uma governação CDS, a demografia, o território (propondo que o interior tenha um estatuto fiscal de "zona franca regulatória") e a inovação ("queremos que os nossos jovens sintam que têm Portugal é o melhor país para desenvolver os seus projetos"), constituem um descaramento imenso, para além do vazio natural da demagogia espúria de que enfermam.

Enfim, Lamego assistiu (coitados dos habitantes da Cidade...) a mais um exercício do mais despudorado branqueamento do passado recente, com o apoio mais ou menos velado de uma comunicação social dócil e lacaia da Direita.

Muita atenção à senhora que a mesma comunicação social fabricou para ser putativa presidente da Câmara de Lisboa, com o tal resultado histórico, que só o foi para incautos.
Cristas, tal como Rio, apenas têm a oferecer ao País, miséria, desemprego e perda de direitos. De cada vez que abrem a boca, mentem descaradamente. De cada vez que respiram, sai-lhes ódio e vingança. De cada vez que nos olham nos olham deviam corar de vergonha, por serem hipócritas e desavergonhados. 


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