04 novembro 2018

FRIDA




Hoje em último dia de exposição, na Cidade do Porto, sempre olhando-nos de frente, a grande Frida Kahlo ajuda-nos a fazer memória, em nome de um sem número de mulheres. Ela, uma mulher do seu tempo, que não se dizia surrealista porque, nas suas palavras, “Eu nunca pintei sonhos. Eu pintei a minha própria realidade” , mas dizia-se sim, uma resistente, um corpo dilacerado, mas resistente, uma alma sofrida, mas resistente, uma vida curta, mas sempre resistente.

Porque nos evoca a vida e a cor, apesar da maioria das fotos o não revelar, Frida evoca a não-consensualidade e com essa faceta, corta e recorta as suas fotos, das suas amarguras, mas também dos seus múltiplos amores. Deixa-nos entrar num período conturbado da história da humanidade, convocando um universo, com a sua vertente revolucionária e com a sua faceta solidária. Uma imagem realmente fascinante.

É então a imagem da mulher, ícone verdadeiro do feminismo e da e da igualdade de género, numa época onde estes conceitos eram ainda uma sombra e quiçá motivadores de repressão social. Tal não era porém obstáculo algum para esta mulher urbana, que usa a sua arte para retratar a realidade social e política, num misto de intervenção ingénua, mas sentida, de quem tinha opções de vida em favor dos que menos tinham e dos, muito particularmente das, que não tinham voz, uma militante comunista, uma defensora dos direitos humanos, uma “filha da revolução” mexicana, com gostava de se intitular. Denunciou sempre a violência dos EUA para com o seu País, desta forma cruel, “Todos os dias, a parte feia dos Estados Unidos rouba um pedaço; é uma lástima, mas as pessoas têm que comer e é inevitável que os peixes grandes devorem os pequenos."

Frida foi uma Mulher de dignidade e de revolta. O legado que nos deixa é de uma riqueza sublime e de uma coerência perturbadora. Os seus quadros e murais têm a beleza encantadora da Revolução!


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